Irã tem novo capítulo nas relações com mundo, diz Rohani sobre sanções
"O Irã abriu um novo e feliz capítulo em suas relações com o mundo ao fim das sanções por seu programa nuclear, com sua dignidade intacta e com o caminho aberto para reintegrar-se na economia global", declarou o presidente da nação, Hassan Rohani, neste domingo (17).
Publicado 17/01/2016 15:08
Na noite de sábado (16), a UE (União Europeia) e Estados Unidos anunciaram a suspensão das sanções econômicas e financeiras contra o país persa. A decisão entrou em vigor com a publicação no Diário Oficial da UE, menos de uma hora depois de sua adoção formal por parte dos 28 Estados-membros do bloco.
A decisão de levantar as sanções ocorreu logo após o anúncio da AIEA (Agência Internacional de Energia Atômica), confirmando que Teerã manteve seus compromissos em relação ao histórico acordo nuclear, firmado com as potências internacionais em julho passado. Esta confirmação ocorreu poucas horas depois de os EUA e o Irã trocarem prisioneiros como primeiro sinal verde.
Rohani parabenizou o povo iraniano pela entrada em vigor do acordo, com o qual foram superadas as "cruéis sanções" que prejudicaram sua economia, tendo mantido toda sua "dignidade e força" durante as "longas, profissionais e complicadas negociações", reportou a Agência Efe.
Nesta nova etapa de relações, entrou em vigor o JCPOA (Plano Integral de Ação Conjunta) entre Irã e o Grupo 5+1 (Estados Unidos, França, Reino Unido, Rússia, China e Alemanha), que apresentará as diretrizes deste novo momento diplomático.
"O JCPOA é o resultado da resistência, da determinação e da sabedoria de uma nação que se opõe à guerra e à violência e que escolheu o caminho da lógica e da negociação", comentou Rohani.
Além disso, o presidente iraniano ressaltou que o seu país já superou "o período de dureza econômica" e que a partir de agora a "estratégia da economia da resistência" desenvolvida pelo país poderá se conectar com os mercados globais.
"Hoje se abre uma era que passa das sanções ao desenvolvimento, que necessita de iniciativa, inovação, investimento e uso das novas oportunidades por todos, particularmente os mais jovens", acrescentou.
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A suspensão das sanções econômicas e financeiras multilaterais — que estrangulam há anos a economia iraniana e que foi implementada como resposta de potências ocidentais ao seu programa nuclear — será gradual, ao longo de um período de dez anos.
Por 15 anos, as medidas poderão ser automaticamente restabelecidas, em caso de descumprimento por parte de Teerã. O Irã também aceitou se submeter às inspeções reforçadas da AIEA.
"Como previsto, continuaremos a supervisionar estreitamente a implementação completa e efetiva do acordo", garantiu a chefe da diplomacia europeia, a diplomata italiana Federica Mogherini.
"Esse evento mostra, claramente, que, com vontade política, perseverança e diplomacia multilateral podemos resolver as questões mais difíceis e encontrar soluções práticas", acrescentou, em comunicado.
As bolsas de valores dos países do Golfo desabaram neste domingo até 6% por causa da queda do preço do petróleo, em seu ponto mais baixo em 12 anos, após a entrada em vigor do acordo nuclear com o Irã.
A bolsa saudita — a maior economia árabe — teve hoje queda de 6,5%, para 5.458 pontos. O mercado saudita perdeu cerca de US$ 32 bilhões na última semana. Já a bolsa do Catar, outra poderosa na região, desabou 5,96%.
Nesta mesma linha, os índices gerais das bolsas de Dubai e Abu Dhabi, principais pólos financeiros dos Emirados Árabes Unidos, também caíram -5,3% e -4,4%, respectivamente.