Ângelo Cavalcante: Lutar é se informar 

O novo nome e sentido das lutas sociais e sejam elas quais forem é manter-se informado. Não dá pra tergiversar… Ou os militantes se informam sobre o que de fato está acontecendo ou irão perder-se por completo nas tramas de um mundo que segue menos social, que se mercantiliza sempre e a passos largos e onde valores modernos como justiça, solidariedade e igualdade se perdem ante aos novos colossos civilizatórios do consumo, da apropriação e da desigualdade (mais ainda!).

Por Ângelo Cavalcante* 

O fim inevitável da era dos grupos de mídia, por Luis Nassif - Foto: Jornal GGN

Já não basta erguer bandeiras, ocupar ruas e enfrentar a polícia se não soubermos o que se está fazendo. Todo esse esforço, vez por outra necessário, em outros casos, dispensável, se perde se militantes sociais não estiverem antenados com o que está se passando por exemplo, com as novas reacomodações do capital que, em sua atual crise de acumulação, avança feroz sobre o Estado e sobre direitos sociais básicos dos trabalhadores.

Tem que se manter informado é condição axial para um fazer político coeso, íntegro e que, de outra feita, potencialize a política social, dos grupos do trabalho e em prol do mesmo trabalho espraiados no Brasil e no mundo.

Não dá pra achar que assistindo a TV Globo iremos nos fazer informados; da mesma forma é preciso que se diga que os grandes veículos de comunicação não estão aí para informar quem quer que seja. Existem para formar ou formatar opiniões; para construir consenso em favor de ricos e poderosos, não casualmente, seus mesmos donos.

Dia desses em uma discussão sobre o papel da imprensa na manutenção do atual ordenamento de classes no Brasil e que pelo menos, o faz um dos mais injustos países do mundo, uma curiosa interlocutora emenda me dizendo: “…é por isso que não vejo Globo; leio Estadão, Folha de S. Paulo e IstoÉ”.

Trocou seis por meia dúzia! Não é possível que trabalhadores, desempregados, assalariados ou precários outros acreditem estar se informando a partir das turvas ondas do arquipélago global da mídia brasileira; esta hidra de mil cabeças, sempre politizada e em favor de ricos e abonados; sempre alheia às lutas dos pequenos; e ininterruptamente conspirando contra a miúda democracia brasileira.

Não casualmente, partidos de esquerda e sindicatos têm, felizmente, investido muito em formação, comunicação e produção de comunicação nos últimos anos. Aprenderam, a duras penas aprenderam, que algo tão importante e essencial como a comunicação não pode estar na exclusiva mão de seis famílias de brasileiros bilionários, egoístas e endireitados que fazem e desfazem com a cabeça da boa e simples gente do país.

Então, vale a pena ver como partidos como o PT, PCdoB, PCB e similares narram eventos e acontecimentos no Brasil e no mundo; o site do MST também é excelente dica. Possui um amplo acervo de excelentes análises e que ao menos, demonstra o risco da “globolização” em tempos de globalização.

O site Carta Maior é também boa opção para ver ou rever os outros lados da notícia; para compreender, sob outros olhos, o que se passa no mundo, em nossa América Latina e neste Brasil sem freios.

Finalmente, a imprensa convencional está aí, como já dito, para gerar consensos em favor do “status quo”; opera, não em favor da democracia, mesmo porque todo este amplo aparato midiático que opera e milita no Brasil nasce de ditaduras, de golpes e de regimes de exceção, portanto, aceitemos isso ou não, mas a mídia atual do Brasil, moderna e internacionalizada, é o oposto da democracia.

Aliás, em se tratando de Brasil e em matéria de comunicação e mídia, o que se internacionalizou o fez em função de atentados plenos e vigorosos contra a democracia brasileira, esta capenga, caolha e que ama TV LED. Não nos esqueçamos: lutar é manter-se informado.