Apesar do lucro, bancos fecharam quase 10 mil postos de trabalho

Apesar de continuarem com lucros elevados, os bancos fecharam quase 10 mil postos de trabalho (9.886) em 2015, segundo pesquisa da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT) em parceria com o Dieese. O total é quase duas vezes maior do que o ano anterior (5.004).

Bancos demitem, apesar dos lucros

O estudo mostra que a rotatividade de mão de obra segue alta no setor: durante o ano, foram 29.889 admissões e 39.775 demissões. Esse processo também inclui redução de rendimentos: o salário médio de quem foi contratado (R$ 3.550,19) é 43,7% menor do que o dos demitidos (R$ 6.308,10).

Os chamados bancos múltiplos com carteira comercial, que reúne as principais instituições (Itaú, Bradesco, Santander, HSBC e Banco do Brasil) eliminaram 7.248 postos de trabalho. Na Caixa Econômica Federal, foram mais 2.497. O pior mês do ano foi julho (-3.069 vagas), com influência, segundo a Contraf-CUT, de programas de incentivo à aposentadoria no BB e na Caixa.

"É uma falta de compromisso muito grande para com a sociedade. O setor que mais ganhou deveria estar contribuindo mais para a retomada do crescimento e da distribuição de renda", afirmou o presidente da confederação, Roberto von der Osten.

Ao mesmo tempo em que extinguem empregos, o que agrava a crise no país, as instituições financeiras faturam alto. De acordo com o Sindicato dos Bancários e Financiários de São Paulo, apenas as seis maiores (BB, Caixa, Itaú, Bradesco, Santander e HSBC) tiveram, juntas, lucro líquido de R$ 56 bilhões de janeiro a setembro de 2015 – o balanço anual desses bancos ainda não foi divulgado.

“Não há nenhuma justificativa para o corte de vagas em um setor que, mesmo em um período de crise econômica mundial, continua apresentando resultados nas alturas. Para dar uma ideia, esse montante de R$ 56 bi representa crescimento de 24% sobre o que eles lucraram no mesmo período de 2014”, destaca a secretária-geral do Sindicato, Ivone Maria da Silva.

Das 27 unidades da federação, 22 tiveram redução de emprego, com destaque para São Paulo (-2.835), Rio de Janeiro (-1.515) e Rio Grande do Sul (-1.088). Entre os estados com saldo positivo, o Pará teve criação de 115 vagas.

O estado com maior saldo positivo foi o Pará, com geração de 115 novos postos de trabalho, seguido pelo Mato Grosso, com 41 novos postos no período.

Mais uma vez, a pesquisa mostra diferença de ganhos entre homens e mulheres. As admitidas em 2015 tinham, em média, salário 19,2% menor que o dos contratados.