Publicado 10/02/2016 15:19

O ressurgimento do Carnaval de rua paulistano não aconteceu de repente. Alguns dos maiores blocos deste ano já desfilam há pelo menos meia década. Com o passar do tempo, a festa foi aumentando. Em 2016, se tornou grande. Aqui estão alguns fatores que possibilitaram essa mudança:
As pessoas estão ansiosas por retomar a rua
Nos últimos anos, as grandes cidades do país assistiram ao crescimento de movimentos independentes que pregam a ocupação e a retomada do espaço público. Cidadãos estão reivindicando a gestão de atividades coletivas em praças públicas, pedindo mais parques e organizando festas de rua, por exemplo.
São Paulo tem sido um dos grandes palcos desse movimento. De acordo com especialistas, essa vontade de ocupar a rua com mais pessoas, em detrimento dos carros, fez crescer o Carnaval na cidade.
Os paulistanos deram uma chance aos blocos
A origem do Carnaval está na rua. A festa, porém, migrou com o tempo para clubes ou foi institucionalizada em sambódromos.
Alguns blocos tradicionais se mantiveram firmes no interior do Estado, como em São Luiz do Paraitinga. Depois, a tradição foi sendo restabelecida na capital. Em 2009, a primeira nova leva de blocos começou a desfilar pelas ruas paulistanas e a ocupação se tornou crescente. Em 2016, foram 100 blocos a mais do que em 2015, por exemplo.
Além da oferta maior de diversão, a procura também aumentou. Uma pesquisa da SPTrans (empresa municipal de transportes) realizada neste Carnaval detectou que 64% dos foliões paulistanos deste ano participavam pela primeira vez da festa nas ruas.
A maioria, quase 80%, disse que evita viajar na época do Carnaval para poder aproveitar o feriado na cidade. E apenas 2% dos foliões são de fora de São Paulo.
Investimentos da Prefeitura
A Prefeitura de São Paulo tem encorajado a presença de blocos nas ruas da cidade. Desde o início do mandato, a atual gestão vem adotando medidas para cadastrar os blocos e dar uma organização mínima para a festa. Em 2016, proibiu o uso de abadás e cordas nas festas – algo que o Rio de Janeiro já havia proibido. Neste ano também, a Secretaria Municipal de Cultura gastou R$ 10 milhões para apoiar blocos independentes e oferecer estrutura para a festa.
A estrutura inclui banheiros químicos nas concentrações e dispersões dos blocos, além de panfletos e totens com datas e horários de todos os blocos. Há também o apoio da Companhia de Engenharia de Tráfego, da Secretária da Saúde, que está promovendo ações contra o HIV e distribuindo camisinhas e da Polícia Militar.
O retorno econômico é alto. Na estimativa da Secretaria de Turismo, a festa em 2016 vai girar cerca de R$ 400 milhões – quase o dobro do Sambódromo, que a cada Carnaval movimenta em torno de R$ 250 milhões.
O crescimento do Carnaval de rua, porém, também recebe críticas. Na Vila Madalena, bairro boêmio da zona oeste de São Paulo, associações de moradores fizeram um abaixo-assinado no qual pedem a redução do número de blocos. As entidades reclamam do barulho, do consumo de drogas e do lixo acumulado durante a festa.