Torcedores se levantam contra o machismo no Atlético Mineiro
O Atlético Mineiro lançou seu uniforme para a temporada 2016 nesta segunda-feira (15), em desfile realizado em uma casa de festas em Belo Horizonte. Mas não foram os modelos das novas camisetas que chamaram a atenção, e sim a forma escolhida para mostrá-las. O uniforme foi exibido por modelos mulheres que usavam além da camiseta, biquínis. Diferente de quando o desfile é protagonizado por homens (normalmente jogadores), que ocupam a passarela completamente vestidos.
Publicado 16/02/2016 16:25
Não demorou para a ação do clube repercutir de forma negativa na internet. No Twitter, usuários levantaram a questão do papel da mulher no universo do futebol, e afirmaram que a atitude do Galo serviu apenas para reforçar, uma vez mais, o machismo e a objetificação do corpo feminino nos esportes.
O descontentamento também refletiu em comunicados divulgados por torcidas organizadas. A Galo Marx, torcida alinhada à esquerda, aproveitou a oportunidade para demonstrar seu total repúdio ao papel relegado às mulheres durante o desfile. “A representação da torcida feminina atleticana ficou limitada a modelos desfilando de lingerie e biquíni, enroladas em bandeiras ou, no máximo, vestidas com minúsculos shorts e camisas que sequer encontramos em tamanhos e modelos diversos, tal o descaso do clube com a parte feminina da torcida. As modelos femininas estavam presentes, aparentemente, apenas para o prazer masculino”, ressaltou a organizada em nota de repúdio.
As torcedoras do Blog Camikaze também não pouparam críticas ao evento e lamentaram “profundamente a forma como as modelos, mulheres como nós, e crianças, foram desnecessariamente expostas em uma ação que teve caráter sexual, ainda que com o triste consentimento das mesmas”.
Movimentos organizados de outros times também se pronunciaram e repudiaram a atitude do clube. É o caso da página Palmeiras antifascista, que publicou: “E ao Atlético Mineiro: só lamentamos. Um clube desse tamanho alimentando estereótipos é, no mínimo, lamentável. Nossa empatia e apoio às torcedoras do Galo e dos outros times, pois com certeza toda mulher se sentiu incomodada com essa apresentação”.
Lugar de mulher é…
Se depender da empresa fabricante da camiseta do Atlético Mineiro, lugar de mulher é no tanque, lavando a roupa do marido. Além da apresentação do novo uniforme que descontentou torcedores e amantes do futebol, as manifestações machistas continuam.
Torcedores publicaram a foto da etiqueta da nova camiseta na internet para denunciar o machismo
No dia seguinte ao desfile, torcedores postaram fotos da etiqueta da nova camiseta em redes sociais na internet para denunciar a “orientação” machista da empresa DryWorld, responsável pela confecção do uniforme. A etiqueta que deveria informar sobre cuidados para a manutenção da roupa traz a seguinte mensagem: “dê à sua mulher”, em inglês “give it to your wife”.
Em tempos que o combate ao machismo e o empoderamento feminino são a pauta do dia e ocupam as telas dos cinemas, debates nas redes sociais e o dia a dia das pessoas, um time de futebol renomado como o Atlético Mineiro ter uma atitude machista como essa é, no mínimo, um retrocesso grave.