Garzón pede diálogo para um governo de esquerda na Espanha

O porta-voz do Esquerda Unida (IU, na sigla em espanhol) no Congresso dos Deputados, Alberto Garzón, pediu nesta quarta-feira (2) ao líder do PSOE, Pedro Sánchez, que retome as negociações com as forças progressistas para propiciar uma mudança real na Espanha.

Alberto Garzón

Depois de criticar o pacto do PSOE com o grupo de centro-direita Ciudadanos (C's), Garzón pediu a Sánchez que aproveitasse a oportunidade histórica de firmar uma aliança com o Podemos, a IU e Compromís.

Em relação ao seu acordo com o presidente do C's, Albert Rivera, o dirigente advertiu que não é possível levar a cabo uma agenda social de esquerda com postulados neoliberais como os defendidos pelo Ciudadanos.

Em nosso país mandam, desgraçadamente, os que não concorrem as eleições, sublinhou Garzón no debate de investidura do candidato socialista, depois de denunciar que alguns diretores de bancos ganham quatro mil euros por dia.

O deputado da IU criticou o secretário geral do PSOE por propor o falso dilema de conversar com Rivera, com apoio a seu projeto, ou Mariano Rajoy, chefe do governo que sai e do conservador Partido Popular (PP), que procura perpetuar-se no poder.

"É artificial que isto seja uma eleição entre C's e o PP, porque há outras opções", enfatizou, depois de lembrar que um acordo dos socialistas com a IU, Podemos e Compromís somaria 161 votos, em contraste com os 130 que reúne o pacto com Ciudadanos.

Dessa maneira, referiu-se ao número de cadeiras com os que contaria o candidato ao Palácio Moncloa, sede executiva, em um hipotético governo com os partidos de esquerda.

Enquanto o PSOE conta com 90 assentos e o Ciudadanos com 40, uma possível coalizão com os grupos progressistas garantiriam o apoio de 69 deputados do Podemos e suas confluências territoriais e os dois do Esquerda Unida, para um total de 161 cadeiras.

Para ser proclamado presidente no primeiro turno, Sánchez precisava da maioria absoluta da Câmara baixa, estabelecida em 176 dos 350 membros do corpo legislativo. Obteve somente 130 votos, os do PSOE e do Ciudadanos.

Para a votação de sexta-feira (4), Sánchez precisa conseguir maioria simples (mais votos a favor que contra), mas a abstenção, de Podemos, IU e Compromís, conduz ao fracasso da inciativa.

"Ele nos pede que façamos um ato de fé, que acreditemos em uma política econômica de direita e uma agenda social de esquerda, mas essa visão global é impossível de existir", reforça o porta-voz da Esquerda Unida.

Pelo contrário, Garzón sugeriu ao candidato ao assento de Moncloa que fosse mais audaz, aprendesse com os erros do passado e entendesse que já não há mais bipartidarismo, em alusão às mais de três décadas de alternância no poder entre o PSOE e o PP.