Jaques Wagner: Supostas denúncias têm muita poeira e pouca materialidade

O ministro-chefe da Casa Civil, Jaques Wagner, disse na tarde desta quinta-feria (3) estar preocupado com as instituições democráticas brasileiras e chamou de crime o vazamento de uma suposta delação premiada do senador Delcídio do Amaral, divulgadapor um órgão de imprensa. Wagner afirmou que as supostas denúncias “têm muita poeira e pouca materialidade”.

Jaques Wagner

“Sou um democrata apaixonado e hoje muito preocupado com a democracia brasileira, porque isso não constrói nada. Isso, na minha opinião, vai jogando por terra as instituições brasileiras. E na hora que você não tem instituição, que por exemplo, quem fez o vazamento? Alguém vai apurar ou fica para as calendas mesmo? Isso é um crime gravíssimo. Porque está sob sigilo de Justiça”, afirmou.

As declarações foram feitas durante entrevista coletiva concedida no Palácio do Planalto, após a abertura de uma oficina de trabalho do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social (CDES). A reunião foi realizada para definir o plano e a agenda do conselho para o atual mandato.

Ainda sobre o conteúdo da reportagem, Wagner lamentou que se divulguem informações que depois, muitas vezes, não são confirmadas. “Prefiro ser objetivo, fático. Esse fato é intolerável numa república democrática de direito. Se faz um linchamento, seja de quem for, para depois alguém dizer: ‘Não valeu, não vale nada’”.

Nesse sentido, o ministro comparou o atual episódio com o chamado escândalo da Escola Base, da década de 1990, em que os donos de um colégio de São Paulo foram inocentados anos depois de denúncias de abuso infantil.

“Eu sempre gosto de lembrar do caso daquela escola de São Paulo. Tocaram fogo na escola, tocaram fogo na família, tocaram fogo nas pessoas para, dois anos depois dizer: ‘Ih, não era nada disso’. Então, acho que isso aqui é um absurdo completo. Um órgão de imprensa, é estranho porque o furo poderia ser domingo, caberá sempre a pergunta: a que interesse cabia a antecipação da revista? Ia se perder o furo ou era a preparação de alguma coisa? Então eu acho que esse é um descaminho da democracia brasileira”.

O ministro lamentou ainda que esse tipo de prática vire “pauta única “ do dia e contamine toda a agenda do País, relegando para segundo plano fatos importantes, como a posse dos novos ministros, também ocorrida hoje.