“PMDB está dividido”, diz Cunha ao comentar o jantar com o PSDB

Enquanto utiliza todas as manobras, incluindo atropelar a Constituição, o regimento interno e falsificação de assinaturas, para tentar retardar o seu processo junto ao Conselho de Ética da Câmara por conta das denúncias no esquema da Petrobras do qual é réu no processo, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), presidente da Casa, quer que o seu partido decida rapidamente sobre a aliança com o governo.

Por Dayane Santos

Eduardo Cunha - AP

Cunha voltou a defender nesta quinta-feira (10) que o PMDB tome uma decisão na convenção nacional marcada para sábado (12). Para ele, se não houver consenso para o desembarque imediato do governo, que ao menos, dê independência aos membros do partido de se posicionarem e votarem como quiserem em relação às matérias no Congresso.

"Acho que já estamos num momento que o PMDB tem que decidir na sua instância apropriada, que é a convenção, a sua manutenção ou não no governo. (…) Não tem como não discutir esse assunto, nem que seja para definir independência, cada um faz o que quer. Mas alguma coisa tem que ser discutida. Não podemos fazer uma convenção e fazer de conta que não existe o problema que existe”, afirmou Cunha ao deixar o plenário da Câmara.

A declaração de Cunha, no entanto, traz elementos que podem dar um sinal da intensa disputa interna que ainda existe dentro do PMDB. A grande imprensa deu amplo destaque para o encontro de um grupo de senadores peemedebistas e integrantes da cúpula do PSDB que aconteceu nesta quarta-feira (9).

O jantar foi apontado pela imprensa golpista como uma demonstração de que o PMDB estaria desembarcando do governo e selando com a oposição o impeachment do governo da presidenta Dilma Rousseff. Mas isso não parece certo.

“O PMDB está dividido. Uma parte não quer ficar no governo, a outra quer se manter no governo. Tem de discutir o assunto. Não podemos fazer uma convenção e fingir que o problema não existe”, escancarou Eduardo Cunha.

Como é característico quando está sob pressão, ao comentar o encontro Cunha não quis demonstrar reações e se limitou a dizer que foi um encontro das bancadas no Senado e que não via nada de mais. “Não tem nada de estranho [conversar] com quem quer que seja”, disse. Certamente, se o PMDB estivesse inteiro nessa barca golpista, Cunha não iria esconder a sua satisfação, como fez em outras batalhas no Congresso.

Na quarta (9), o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), e um grupo de senadores da base aliada do governo se reuniram com Lula em Brasília.

O vice-líder do PT na Câmara, Paulo Pimenta (RS), disse que vê com normalidade o encontro das duas legendas. Para ele, todo diálogo para ajudar o país a superar o momento de crise é bem-vindo.

Ele disse também que não há indícios de que a aproximação dos dois partidos signifique uma estratégia para fortalecer o andamento do processo de impeachment da presidenta Dilma e que o PMDB está “integrado” com o governo.

“O Congresso é o espaço do diálogo, da concertação. Nunca nos negamos a dialogar com nenhum partido da base ou na tentativa de encontrar pautas do interesse do país. Tudo o que queremos é o ambiente de normalidade democrática… Até porque todos sabemos que não existem elementos que justifiquem o pedido de impeachment iniciado pelo presidente Eduardo Cunha com a clara intenção de transformar a pauta do Parlamento em uma estratégia de defesa dos processos que ele responde”, destacou Pimenta.