Assassinato de estudante na UnB reforça debate sobre feminicídio 

Alunos, professores e servidores da Universidade de Brasília (UnB) realizaram nesta terça-feira (14) ato em memória da estudante Louise Maria da Silva Ribeiro, 20 anos, assassinada dentro da própria universidade na quinta-feira (10). O ex-namorado da jovem, Vinicius Neres, 19 anos, confessou autoria do crime e disse ter dopado a vítima com clorofórmio. A morte da estudante reforçou o debate sobre violência doméstica contra a mulher dentro da instituição de ensino.

Assassinato de estudante na UnB reforça debate sobre feminicídio

Segundo o reitor da UnB, Ivan Camargo, a segurança e a iluminação da universidade serão reforçadas no período noturno para evitar novos crimes dentro da instituição. “Vamos aumentar as rondas na universidade no período noturno. No entanto, precisamos levar para sociedade o debate sobre a violência contra a mulher. Um terço das mulheres agredidas são vítimas de ciúme”, afirmou o reitor. A estudante também foi homenageada com a plantação de um ipê rosa, no jardim central do Instituto de Biologia, onde cursava o quarto semestre.

Feminicídio

A estudante Louise Ribeiro foi dopada com clorofórmio e, depois de inconsciente, Neres a fez ingerir 200 ml do produto químico. O produto é tóxico e causa morte. Vinicius Neres prendeu os pés e as mãos da menina e enrolou o corpo dela em um colchão inflável. Ele levou o corpo da estudante no carro dela e a deixou na mata próxima à universidade. Na manhã do dia seguinte, Neres foi preso após confessar o crime.

Na mesma semana do assassinato da estudante, outra jovem foi assassinada em Brasília. Jane Carla Fernandes, que faria 21 anos hoje, foi baleada na testa e no peito por seu ex-namorado, Jhonatan Pereira Alves, inconformado com o término do namoro. Depois, ele teria cometido suicídio. Jane já havia registrado um boletim de ocorrência contra o ex-namorado por agressão, na Delegacia de Especial de Atendimento a Mulher (DEAM).

Mortes no Piauí

No dia 27 de maio de 2015, quatro amigas adolescentes saíram para fotografar um ponto turístico e pouco movimentado no município de Castelo do Piauí, a 190 quilômetros da capital, Teresina, quando foram rendidas por cinco homens, que as amarraram, estupraram e as espancaram. Após o ato brutal, as meninas foram atiradas de um penhasco.

As quatro jovens de idades entre 15 e 17 anos ficaram gravemente feridas, sendo que uma delas não suportou os ferimentos e faleceu.

Ciclo de violência

A gerente de programas da ONU Mulher, Joana Chagas, ressalta a necessidade de enfrentamento ao feminicídio. “Assassinato violento é histórico. É o fim de um ciclo de violência que pode ser prevenido. Se se reconhece que nossa sociedade é patriarcal, machista, se pode prevenir esse tipo de crime. O feminicídio é um problema da sociedade como um todo”, argumentou Joana.

O Brasil ocupa a quinta posição no ranking global de homicídios de mulheres, entre 83 países registrados pela Organização das Nações Unidas (ONU), atrás apenas de El Salvador, Colômbia, Guatemala e Rússia.

De acordo com a organização não governamental (ONG) Action Aid, a violência doméstica é responsável pela morte de cinco mulheres por hora no mundo. O dado faz parte do estudo global de crimes das Nações Unidas e indica um número estimado de 119 mulheres assassinadas diariamente por um parceiro ou parente.