Assim como Lula, JK foi acusado de ser dono de imóvel em nome de amigo
O jornalista Mário Magalhães relembra, em seu blog no UOL, as acusações contra Juscelino Kubitschek a respeito de um apartamento na avenida Vieira Souto, em Ipanema, no Rio de Janeiro. Magalhães levanta recortes de jornais da época, relembrando que JK teve a vida “devassada” após o golpe militar e a cassação de seu mandato como senador. A história se repete com o ex-presidente Lula.
Publicado 15/03/2016 18:54
“As autoridades o acusaram de um sem-número de falcatruas, como se fosse um ladrão voraz”, também mostrando que a imprensa deu força para as acusações do regime militar.
O apartamento estava em nome de uma empresa controlada pelo banqueiro Sebastião Pais de Almeida, amigo de Juscelino Kubitschek. Apesar das acusações, não houve julgamento na Justiça comum, e o procurador considerou que não existiam provas de que JK fosse o dono do apartamento.
“Depois de deixar a Presidência, Juscelino Kubitschek (1902-1976) foi morar num apartamento novinho em folha na avenida Vieira Souto, Ipanema, o metro quadrado mais caro do país. A empreiteira que ergueu o prédio havia tocado na região Sul uma obra concedida pela administração JK (1956-1961)”, escreveu Magalhães.
No blog, o colunista descreve como a imprensa tratou o tema à epoca. “O projeto arquitetônico do prédio foi desenhado por Oscar Niemeyer, que nada cobrou pelo serviço. Mais de uma vez o ex-presidente visitou as obras do apê que viria a ocupar. Idem sua mulher, dona Sarah, que pediu numerosas alterações no projeto original. O imóvel era espaçoso. Jornais publicariam que tinha 1.400 metros quadrados, o que parece exagero. Mas nele JK chegou a discursar para centenas de pessoas.”
E continua: “Em junho de 1964, a ditadura recém-instalada cassou o mandato de senador de Juscelino e suspendeu seus direitos políticos por dez anos. O ex-presidente teve a vida devassada, investigado em inquéritos policiais militares”.
“As autoridades o acusaram de um sem-número de falcatruas, como se fosse um ladrão voraz. A acusação de maior apelo entre os opositores do ex-governante era a de que, na verdade, o apartamento da Vieira Souto era de Juscelino”, descreve Magalhães.
“Na Justiça comum, nem julgamento houve. O procurador considerou não haver provas de que Juscelino fosse o dono do apartamento. E enumerou provas de que o imóvel pertencia mesmo a Sebastião Pais de Almeida, que o emprestara ao amigo JK. O juiz mandou arquivar o processo.”
“Hoje, Juscelino Kubitschek é considerado grande brasileiro. Dona Sarah dá nome à rede de hospitais de reabilitação”, completa o blogueiro.