Reportagem na Síria mostra como é a vida na capital do terrorismo

Usando câmeras escondidas, duas corajosas mulheres sírias aparentemente conseguiram filmar a vida cotidiana no coração do movimento terrorista Estado Islâmico – a cidade síria de Raqqa, proclamada capital do califado.

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As mulheres correram grande risco porque, se os militantes tivessem sabido da sua atividade, elas poderiam ter sido apedrejadas até à morte.

Edifícios saqueados, terroristas armados até os dentes e a polícia religiosa perseguindo mulheres não acompanhadas ou vestidas “de forma imprópria”, militantes estrangeiros que vivem em casas luxuosas cujos donos foram mortos ou expulsos, brutais execuções públicas e hinos de louvor ao líder do Estado Islâmico, Abu Bakr ak-Baghdadi, em taxis – isto é aparentemente o que parece agora a cidade de Raqqa, de acordo com o jornal sueco Expressen, que conseguiu obter o vídeo.

As mulheres devem ter especialmente cuidado durante os seus passeios em torno da cidade com câmeras escondidas porque, segundo a charia, as mulheres não têm o direito de passear sozinhas ou impropriamente vestidas. Por isso, cada pessoa do sexo feminino é sujeita a uma atenção especial por parte da polícia religiosa.

Curiosamente, o Estado Islâmico supostamente não tem déficit de recrutas femininas e muitas delas servem na polícia religiosa de Hisbah.

Porém, parece que o controle da cidade por parte do Estado Islâmico está se desvanecendo. Segundo o vídeo, os militantes sentem medo constante de serem detectados pela aviação e tentam esconder os seus movimentos e o seu equipamento militar, apesar de estarem no coração do seu domínio.

De fato, muitos terroristas roubam passaportes de civis, raspam a barba e fogem para a Turquia, indica o vídeo.

De qualquer modo, será preciso muito tempo para restaurar Raqqa e fazê-la voltar ao estado em que estava antes da guerra, quando o grupo finalmente for expulso da cidade. Os residentes locais, aterrorizados pelos terroristas, não esquecerão por muito tempo os horrores da vida sob o Estado Islâmico.

O grupo terrorista autoproclamou-se "califado mundial" em 29 de junho de 2014, tornando-se imediatamente uma ameaça explícita à comunidade internacional e sendo reconhecido como a ameaça principal por vários países e organismos internacionais.

Porém, o grupo terrorista tem suas origens ainda em 1999, quando um jihadista de tendência salafita, o jordaniano Abu Musab al-Zarqawi, fundou o grupo Jamaat al-Tawhid wal-Jihad.

Depois da invasão norte-americana no Iraque em 2003, esta organização começou a se fortalecer, até se transformar, em 2006, no Estado Islâmico do Iraque.

A ameaça representada por esta entidade foi reconhecida pelos serviços secretos dos EUA ainda naquela altura, mas reconhecida secretamente, e nada foi feito para contê-la.

Como resultado, surgiu em 2013 o Estado Islâmico do Iraque e do Levante, que agora abrange territórios no Iraque e na Síria, mantendo a instabilidade e fomentando conflitos.