Sousa Júnior – PMDB na encruzilhada: Democracia ou golpe

Por *Sousa Júnior

PMDB

O roteiro definido pelo comandante Michel Temer para embarcar o PMDB na aventura golpista pode começar a naufragar antes mesmo de sua posse como presidente da República. O desembarque da legenda da base de apoio ao Governo Dilma, uma vez aprovado nesta terça, 29/3, será o começo do fim de um partido que já foi democrático.

Ulisses Guimarães, se vivo estivesse, morreria de vergonha do movimento que ajudou a criar, que esteve à frente da luta pelas Diretas Já e notabilizou-se com a promulgação da “Constituição Cidadã”, devido à sanha de um líder que quer assumir o poder sem voto, ou melhor, com apenas 1% das intenções de voto, segundo pesquisa recente do DataFolha.

Ao contrário de Collor, o impedimento de Dilma, razão maior para a decisão do PMDB de abandonar o governo, além de ser questionado por respeitáveis segmentos do mundo jurídico, enfrenta a resistência de um exército que foi às ruas no último dia 18 e que pode se multiplicar e reagir de forma inesperada. Tentarei explicar isso de forma didática.

As bases da aliança promovida por Temer com o PSDB para o que seria seu futuro governo incluem o fim da Lava Jato para preservar os patrocinadores do golpe, incluindo o próprio Temer, assim como prevê o corte de amplos benefícios sociais. Nesse meio tempo, será inevitável o vazamento dos nomes da já famosa lista da Odebrecht levando a que parte do exército iludido que foi às ruas protestar contra a corrupção no dia 13 se sinta traído, juntando-se ao crescente e aguerrido exército das manifestações do dia 18, somados aos moradores das favelas e bairros da periferia que, em sua maioria, têm assistido de forma passiva o embate político pelo impeachment, mas não ficarão inertes quando o Bolsa Família ou qualquer outro benefício for cortado.

Serão três segmentos distintos, porém democraticamente unificados contra o golpe, sobretudo o golpe na confiança dos que ainda acreditam que uma aliança dos setores mais reacionários e corruptos do PMDB, a exemplo de Eduardo Cunha, com o PSDB, vai trazer algum benefício para o País e para o povo brasileiro. Resta saber qual caminho a maioria do PMDB vai seguir: embarcar na canoa furada do golpismo ou se manter fiel à história do partido de defesa da democracia brasileira.

*Sousa Júnior é publicitário e participa do Movimento Democracia Participativa


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