Periferia denuncia: Golpe é ameaça a políticas inclusivas

O golpe contra o estado democrático no Brasil e a ameaça às conquistas sociais dos últimos 12 anos intensificou a rotina de movimentos e coletivos culturais em São Paulo contra o impeachment da presidenta Dilma Rousseff. Nesta terça-feira (29), um dos saraus mais simbólicos do país, o da Cooperifa, realizou ato em favor da democracia com cerca de 300 pessoas. Frequentadores do sarau apontaram a importância das políticas inclusivas dos governos Lula e Dilma.

Por Railídia Carvalho

Cooperifa contra o golpe - Railidia Carvalho

A professora Lu Souza, que atua na EMEF Ana Silveira, localizada na região, está há 13 anos na organização da Cooperifa. Ela afirmou que as principais qualidades do atual governo foi a de criar condições para ampliar o acesso à educação. 

“Eu tenho vários exemplos de alunos em faculdades. Aqui nós temos aluno negro, o Bruno, engenheiro. Temos a Juliana, dentista, tudo Prouni, com incentivos do governo”, exemplificou Lu.
Rose Dorea, musa da Cooperifa, estava comovida com o ato em defesa da democracia. “Estou muito emocionada por que estamos lutando por um brasil que eu quero pra minha filha, que a minha filha tenha o direito de ir e vir e seja tratada como ser humano, como gente”.
Para ela, que foi uma das primeiras da família a viajar de avião, o direito de poder ir ao mercado para comprar um quilo de arroz foi uma das vitórias do povo mais humilde que aconteceu através dos governos de Lula e Dilma. 
“Quando eu viajei de avião com minha filha, minha irmã e a madrinha, que era uma coisa que a gente nunca tinha feito, sei que isso incomodou eles”, contou Rose. 
Não ao retrocesso
Nas palavras do poeta Sérgio Vaz (foto), fundador do sarau da Cooperifa, que nos últimos 14 anos inspirou uma dezena de novos saraus pelo estado e pelo Brasil, “o país precisa andar pra frente e não pra trás”.
“Não é só contra o golpe é a favor do Brasil. A gente quer que o Brasil ande pra frente. A gente tava evoluindo agora querem involuir. Quem vai pagar o preço caro somos nós, os brasileiros mais humildes”, declarou Sérgio. Para ele, estão ameaçados os direitos trabalhistas, sociais, o potencial de exploração do Pré-Sal e as conquistas na área da saúde e da educação.
“A elite está articulando tudo, para eles nós somos tudo um só, o pobre e periférico. E essa raiva que já existe, do racismo e discriminação, pode aumentar”, declarou o articulador cultural Alex Barcellos, durante encontro na Ação Educativa para debater o cenário atual. A fala foi publicada em reportagem no Portal da Central de Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB) 
Alex reafirmou “as conquistas nas quebradas com o governo federal” e disse que a união da periferia é necessária para não correr o risco de perder “os direitos que quase não temos”.
A cultura do ódio sempre mostrou a cara na periferia
O espaço Clariô, em Taboão da Serra (SP), que abriga o Sarau do Binho, também tem sido um local de contraofensiva ao golpe em curso no país que vem sendo liderado por empresários, políticos de oposição ao governo Dilma, setores do judiciário e a imprensa empresarial. No dia 23 de março, o sarau reuniu 500 (foto) pessoas e lançou oficialmente o manifesto #periferiascontraogolpe que pode ser lido e assinado neste link. 
Até esta terça-feira mais de duas mil pessoas haviam assinado o manifesto, que também recebeu a adesão de 450 coletivos culturais.
Para Sérgio o movimento dos coletivos da periferia é importante para saber de que lado “se está nesse momento”. Ele, entretanto, lembrou que esse ódio demonstrado pelas elites não é novo.“Essa coisa que está acontecendo no país sempre existiu basta perguntar para os negros, mulheres negras, travecos, pobres, nordestinos, homossexuais, isso sempre aconteceu”, disse.
Ele ressaltou que “não está globalizado este país. nós ainda somos as pessoas que sofrem independente de quando se tem ou não tem democracia. Quando se tem já é ruim imagine sem democracia”, comparou.
Na opinião de Sérgio, porém, os acontecimentos fizeram “cair a máscara” comprovando que não somos um país cordial”. Ele continuou: “Não gostamos de pobre, não gostamos de negro, não gostamos de nordestino, partindo daí é capaz da gente entender que a gente não faz parte da festa mas também não estamos a fim de limpar o salão”.  
 

#naovaitergolpe está na boca do Povo

Publicado por Cooperifaoficial em Quarta, 30 de março de 2016