Movimentos analisam ação do governo em destinar terras para reforma 

Na manhã desta sexta-feira (1), a presidenta Dilma Rousseff assinou 25 decretos de desapropriação de imóveis rurais para a realização da Reforma Agrária. Os 21 decretos vão assegurar 35,5 mil hectares de terras para a Reforma Agrária em 14 estados do país.

Movimentos avaliam positivamente destinação de terras para Reforma Agrária - Roberto Stuckert Filho/PR

Na cerimônia no Palácio no Planalto, também foram assinados quatro decretos de regularização de territórios quilombolas, atendendo a 799 famílias no Maranhão, Pará, Rio Grande do Norte e Sergipe, somando 21 mil hectares. Ao todo os decretados assinados hoje equivalem a um total 56,5 mil hectares.

Para Alexandre Conceição, da direção nacional do MST, a assinatura dos decretos representa um pequeno avanço na política agrária brasileira que vinha sofrendo com a estagnação.

“Enquanto houver latifúndio no país, não existirá democracia plena e verdadeira, nem o direito à produção. A assinatura desses s nos enche de esperança de que agora a Reforma Agrária vai avançar a passos largos”, disse.

Alexandre também ponderou que muito ainda precisa ser feito para que passos largos sejam dados em direção à Reforma Agrária.

“Nos últimos três anos mais de cem milhões de hectares de terras foram reconcentrados nas mãos do latifúndio. Hoje temos 120 mil famílias acampadas em todo o país. Se considerarmos o que temos de terras devolutas já seria o suficiente para assentar todas essas famílias. Além disso, também é preciso centrar forças na recomposição orçamentária do Instituto de Colonização da Reforma Agrária (Incra) e do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA). Precisamos ter a produção agroecológica beneficiada e estruturada, para que assim, os nossos jovens não se vejam obrigados a sair do campo para viver nas docas e periferias da grandes cidades”, disse.

Para a Contag, momento marca retomada do processo da reforma agrária

“Entendemos que é uma retomada do processo da reforma agrária”. É o que afirma Aristides Santos, secretário da Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag), sobre a assinatura pela presidenta Dilma Rousseff de Atos para a Reforma Agrária e Comunidades Quilombolas, nesta sexta-feira (1º), no Planalto.

Ele avalia que o governo sinaliza que a reforma agrária está viva eu que isso fortalece os trabalhadores rurais a continuar buscando seus direitos.

“[Esse ato] muda muito, são pessoas que estão há anos acampados debaixo da lona. É um reconhecimento da luta desses trabalhadores, reconhecimento da importância da reforma agrária para o desenvolvimento. Não terá desenvolvimento com justiça social no campo brasileiro sem a reforma agrária”, diz.

Ele destaca também o grande benefício que a reforma agrária traz para a alimentação do brasileiro. “Somos nós quem produzimos a maioria dos alimentos que chegam à mesa, mais de 70% dos alimentos são produzidos pelos agricultores familiares” explica. “Tem muita terra improdutiva e tem muitos agricultores sem terra ou com pouca terra. A reforma agrária só vai ajudar a baratear inclusive os alimentos que chegam à mesa do cidadão brasileiro”.

Aristides ressalva que o momento político vivido no País é preocupante para a reforma agrária. “O impeachment pode atrapalhar esse processo. Se vem uma ala conservadora para administrar o Estado brasileiro, são exatamente esses latifúndios que passam a orientar o comando geral”.