Há 10 anos acampadas, famílias de Sergipe conseguem posse 

No dia 29 de março, 32 famílias que viviam acampadas há uma década na fazenda Várzea do Carrapicho, em Santana do São Francisco (SE), receberam o título de posse das terras após o governo federal comprar os lotes para a reforma agrária. Dayvid Souza, do Movimento de Luta pela Terra, definiu a ocasião como histórica.  

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“Por anos resistindo a vários despejos policiais devido a inúmeras reintegrações de posse por parte da justiça, agora as famílias podem comemorar”, afirmou em comunicado divulgado nesta segunda-feira (4).

O decreto de desapropriação da Várzea do Carrapicho foi publicado no Diário Oficial em dezembro de 2013. O governo da presidenta Dilma Rousseff pagou 4.632.758,22 (quatro milhões, seiscentos e trinta e dois mil, setecentos e cinquenta e oito reais e vinte e dois centavos). 
“Foram 10 anos debaixo da Lona preta, enfrentando Sol, chuva, ameaças e o ódio do fazendeiro, quer por sinal é o prefeito da cidade, Agora é pensar o assentamento, pois a esperança da terra prometida, através da luta se tornou realidade, produzir os frutos da Terra, agora é tarefa Central”, disse Deyvid.
Vitória contra o latifúndio
A violência policial perseguiu as famílias durante o período em que sonhavam com a reforma agrária. A cada destruição dos barracos de lona, a mando dos proprietários, os homens e mulheres do campo voltavam a ocupar a terra. 
Deyvid conta que a criação de uma associação de trabalhadores rurais e o fortalecimento dos trabalhadores através do Movimento de Luta pela Terra foram instrumentos que fortaleceram os acampados. E em 2011 o grupo participa, organizado pelo MLT, da Marcha das Margaridas, em Brasília.
“Renovou as energias e as coisas começaram a melhorar. O MLT começa a discutir atividades e ações de maneira a desenvolver atividades produtivas e de dignidade e direitos dos agricultores familiares no acampamento”, lembrou o dirigente.
Os acampados da Várzea do Carrapicho inauguram uma nova fase produzindo milho e feijão para se sustentar e comercializar o excedente. “Além disso começam a ter noção dos direitos agrários”,completou Deyvid.
As retaliações dos proprietários contra os acampados nunca cessaram mas as 32 famílias superaram todas as dificuldades. “Mesmo sabendo que o proprietário recebeu 4.8 milhões de reais, mas, camaradas, o dinheiro acaba e a terra não. Ela continuará durante anos, emitindo sinais de prosperidade, produzindo vida, saúde e longevidade para as atuais e futuras gerações de camponeses”, concluiu.