Fortaleza: duas mil pessoas no ato político-cultural contra o golpe
Mais de duas mil pessoas participaram na noite desta quarta-feira (06/04), do ato político-cultural “UFC em defesa da democracia, contra o golpe e os ajustes”. A manifestação foi a primeira em quatro anos que a Reitoria da UFC voltou a abrir as portas para sediar evento proposto pelos universitários e recebeu jovens, estudantes, professores e representantes dos mais diversos setores da sociedade civil e todos aqueles que defendem a democracia.
Publicado 06/04/2016 22:42 | Editado 04/03/2020 16:24

Com pessoas de todas as tribos, todas as cores e todos os ritmos, o ato político iniciou com o brado que ecoa em todo o país: “Não vai ter golpe, vai ter luta!”. Os manifestantes também entoaram palavras de ordem como “O movimento estudantil unificado para as mudanças do Brasil” e “Nas ruas, nas praças, quem disse que sumiu? Aqui está presente o movimento estudantil!”.
A manifestação se soma a várias outras iniciativas em universidades de todo o país na luta contra o golpe. Segundo os organizadores, mais de 80 comitês foram criados nas academias de todas as regiões brasileiras e representa o coroamento de uma atividade iniciada há duas semanas, com visitas às salas de aula, panfletagens e rodas de conversa.
A defesa intransigente da democracia foi a marca de todas as intervenções. Na abertura do encontro, o advogado Inocêncio Uchoa destacou a iniciativa e o protagonismo da juventude nos momentos mais delicados da história do país. “A juventude carrega no sangue a tarefa de resistir. Em 1968, ao contrario de agora, íamos para as manifestações, mas sem saber se seríamos presos ou voltaríamos vivos. A verdade é que naquele tempo todos nós fomos presos, de um jeito ou de outro. Por isso, por hoje e desde sempre, o Brasil precisa da juventude”, conclamou.
Para a professora Irenise Oliveira, a jovem e frágil democracia brasileira “precisa se fortalecer ainda mais neste momento delicado pelo qual o país vive”. “Vivemos diariamente a apreensão de ver em risco a universidade pública e os direitos sociais conquistados nos últimos anos. Devemos sair deste encontro com o objetivo de fortalecermos não só a democracia, mas a nós mesmos pois, não teremos tempos fáceis”, alertou.
Germana Amaral, presidente estadual da União Nacional dos Estudantes no Ceará (UNE-CE), é revigorante ver tantas gerações reunidas em torno de uma pauta única: a democracia. A militante do movimento estudantil citou datas importantes a serem relembradas neste período, dentre elas os 79 anos de uma das principais entidades do movimento estudantil e os 52 anos do atentado à sede nacional da UNE. “Fomos e continuamos sendo a linha de frente da defesa da democracia. Se hoje podemos realizar um ato como este, muitos militantes como nós foram sacrificados lá atrás. Somos milhares, invadimos as ruas. Atualmente a questão não está em defender ou criticar o governo, mas, acima de tudo, defender a democracia”.
Primeira da família a ingressar na universidade, Mariana Lacerda, diretora da UNE, ratificou que é tarefa “da nossa geração sustentar a jovem democracia brasileira e ainda ampliá-la”. “Cada estudante tem o dever de sair daqui e se engajar onde estiver nesta luta, quer seja na sala de aula, na fila do RU ou nos corredores da universidade”. Mariana também destacou a “união da esquerda na verdadeira festa da democracia, construída com luta, arte e poesia”.
Louise de Santana, membro da Frente Povo sem Medo, também enalteceu a presença da juventude na luta. “Se a direita diz que está ocupando as ruas, pois que sejam bem vindos. Nós nunca saímos dela. Enquanto eles insistem em ver jovens negros e pobres nos programas policiais de televisão, nós mostraremos a eles que estaremos é nas listas de formandos das universidades, nas relações de aprovados em concursos públicos e nos livros de história por continuarmos defendendo a democracia”.
Após o ato político foram iniciadas as apresentações culturais, com a participação dos grupos Transacionais, Renegados, Luxo da Aldeia e do DJ Guga de Castro. Inúmeras organizações participaram da manifestação, dentre elas partidos políticos, parlamentares e assessores, diversas frentes dos movimentos sociais e estudantil.