Movimentos de mulheres de São Paulo condenam o golpe

O ato das mulheres contra o impeachment da presidenta Dilma Rousseff realizado nesta terça-feira (5), na praça Roosevelt, centro de São Paulo, reuniu representantes de entidades feministas que compõem a Frente Brasil Popular e condenam o golpe ao estado democrático de direito. Música, poesia, performances e discursos apontaram para a natureza sexista e discriminatória dos ataques direcionados a Dilma.  

Jovens feministas - Agência de Notícias do PT
A secretária nacional da mulher do PCdoB, Liége Rocha, destacou diversas lutas que tiveram a participação das mulheres. “Nada de sexo frágil, somos mulheres fortes, aguerridas que sempre estivemos presentes na luta. Presentes na luta contra a ditadura, na luta pela constituinte livre e soberana, pelas diretas já. E hoje estamos nas ruas e nas praças para dizer que não vai ter golpe”, completou a dirigente.
“Somos todas Marias, Dinas e Dilmas”, disse Maria das Neves, diretora nacional de jovens feministas da União da Juventude Socialista e coordenadora de juventude da União Brasileira de Mulheres (UBM). Ela participou da performance teatral que homenageou a presidenta através da lembrança das guerrilheiras mortas na Guerrilha do Araguaia. Aos 22 anos, Dilma, que participou da luta contra o golpe de 64, foi presa e torturada.
“Talvez se não fosse essa vivência guerrilheira talvez fosse difícil resistir a tantos e sistemáticos ataques, baixos, perversos e machistas”, declarou Maria. Participaram desta performance 16 mulheres, com idades entre 15 e 28 anos. 
 

Ataques sexistas

 
“O Brasil ainda tem uma cultura muito machista, muito patriarcal e grande parte do que ela (Dilma) sofre hoje é por ser mulher”, disse Ana Lucia Firmino, da secretaria da mulher trabalhadora da Central Única dos Trabalhadores (CUT-SP) de São Paulo. 
Ana Lúcia e Gicélia Bittencourt, secretária da mulher trabalhadora da Central de Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), também repudiaram a capa da revista Isto é, que utilizou uma fotografia de Dilma (enquanto comemorava um gol da seleção brasileira) associando a fisionomia à “explosões nervosas”.
“Estamos aqui para repudiar esse ataque covarde que a revista IstoÉ promoveu à presidenta Dilma. Numa reportagem insidiosa e mentirosa”, declarou Gicélia. “Estamos nas ruas com toda essa alegria, contando com a irreverência da juventude para barrar esse golpe contra o país e o povo brasileiro e dizer à mídia golpista que quando atacam a Dilma, atacam a todas nós, mulheres guerreiras brasileiras”, afirmou a sindicalista.
Figura pública
A atriz Maria Casadevall também esteve presente no sarau das mulheres em São Paulo.” Neste momento, o silêncio e a omissão é o maior erro. Da maneira como eu penso me parecia o maior crime. Então acho que estar aqui, falar ou não falar, mas a minha imagem, sendo pública, que possa representar a imagem não só de mulheres mas das mulheres que não tem esse espaço na mídia”, explicou.