Argentinos se mobilizam em apoio à Cristina Kirchner

Desde antes da meia-noite, centenas de argentinos acampavam e realizavam vigílias em vários pontos de Buenos Aires em apoio à ex-presidenta Cristina Fernández Kirchner, que depõe, nesta quarta-feira (13), em um processo armado contra ela.

cristina kirchner - Agência Lusa

Para esta quarta-feira estão previstas pelo menos três grandes marchas que começam desde muito cedo, com caravanas de veículos a partir das 05:00 horas (local) para convergir em frente aos tribunais de Comodoro Py, na região portenha de Retiro.

Cristina comparecerá ao tribunal de Claudio Bonadio, chamado de juiz antiK pela quantidade de causas que preside contra a ex-presidenta, sua família e ex-funcionários de seu governo, para prestar esclarecimentos na imputação sobre supostas irregularidades na venda de dólar futuro.

A audiência está prevista para as 10:00 horas (local) em um episódio no qual está centrada a atenção dos argentinos.

Para Oscar Natalich, diretor do Centro de Pesquisas Econômicas e Sociais, "esta como outras causas estão dirigidas a tentar apagar o kirchnerismo do panorama político nacional".

"Obviamente que querem vê-la presa (a ex-presidenta), como também querem fazer no Brasil com Dilma e Lula, e tentarão fazer contra (Nicolas) Maduro na Venezuela", advertiu o acadêmico.

Na opinião da cientista política Stella Calloni, estão empenhados em "apagar os projetos populares nestes três países que disseram NÃO à ALCA e jogaram por terra esse esquema neocolonial, e por trás de tudo isto está o governo dos Estados Unidos", sublinhou a escritora e cientista política.

O ex-ministro de Economia e atual deputado Axel Kicillof compareceu ante Bonadio, mas não depôs, em contrapartida lhe entregou uma carta com sua defesa sobre a causa na qual também está imputado o ex-presidente do Banco Central Alejandro Vanoli.

Kicillof afirmou que "não há delito algum" nas operações de dólar futuro pois é prática comum nos mercados monetários em todo o mundo. É uma ferramenta que se utiliza para conter a desvalorização das moedas nacionais.

Depois de sair do tribunal, o legislador afirmou que não existe feito algum de corrupção nem de suborno, e insistiu que a imputação "é claramente um caso de denúncia política" na qual "se chama testemunhas do (partido dirigente) Cambiemos".

Em sua defesa, ressaltou que esta acusação por constituir uma manipulação política é "uma vergonha escandalosa".

"Há mobilização em todo o país" é a manchete que em diversas formas encabeça as notas de meios digitais.

As vigílias ocorrem em frente a residência em Buenos Aires de Cristina Kirchner, na rua Juncal, no bairro portenho de Recoleta, assim como no Obelisco, no central monumento à cidade, em frente ao edifício dos tribunais em Comodoro Py, na área de Retiro, e na Igreja San Cayetano.

Centenas de policiais isolaram desde as primeiras horas da noite o edifício de Comodoro Py, que foi cercado de uma alta barreira de aço. Ali já há centenas de seguidores de Cristina realizando uma vigília diante da grande operação de segurança.

"Há mobilização em todo o país, as pessoas estão vindo das províncias com seus próprios automóveis, o que é muito difícil conter", assinalou a deputada da Frente para la Victoria Juliana Di Tullio.