Cristina Kirchner denuncia: querem sua prisão a qualquer custo
A ex-presidenta da Argentina, Cristina Fernández Kirchner, alertou que a atual classe política no poder na Argentina tenta processá-la para privá-la da liberdade, baseada em uma falsa denúncia.
Publicado 13/04/2016 18:53

A ex-dignataria apresentou-se na manhã desta quarta-feira (13) no tribunal de Claudio Bonadio, o chamado "juiz antiK", nos tribunais de Comodoro Py para falar de supostas irregularidades na venda de dólar futuro pelo Banco Central do país sob sua administração.
Ela fez o depoimento ao mesmo tempo que uma manifestação de 200 mil pessoas desafiava uma chuva fria em seguida a um temporal em seu apoio, diante da sede da Justiça, ao mesmo tempo que carreatas em seu apoio percorriam as ruas de Buenos Aires.
Em uma carta de desabafo lida e entregue a Bonadio, Cristina Fernández sustenta que "a hipótese de associação ilícita, construída capciosamente pelo magistrado, é outra mostra da arbitrariedade com que tem procedido".
"Revela ademais a intenção do governo, com a colaboração imprescindível do Poder Judicial, de iniciar uma causa penal contra mim, que me privará da liberdade", escreveu.
"A cada vez que um movimento político de caráter nacional e popular foi derrotado ou finalizou seu mandato, as autoridades que o sucederam utilizaram de forma sistemática a desqualificação de seus dirigentes", continua o documento.
"Atribuem a mim graves delitos, sempre vinculados com abusos de poder, corrupção generalizada e bens malversados", assinala.
"Só através do exercício abusivo do poder jurisdicional esta causa conseguiu ser levada adiante", disse Cristina.
"É surpreendente em termos judiciais, que eu tenha sido citada a prestar declaração quando não existe nenhuma menção, e muito menos imputação, contra mim, nem na denúncia efetuada pelos legisladores oficialistas (Mario) Negri e (Federido) Pinedo".
Cristina lembra também que não foram respeitados os princípios que devem existir para tornar verídica uma investigação.
Ela reafirma que as operações do Banco Central estiveram dentro das normas e da legalidade, no marco das políticas estabelecidas por seu governo, favorecendo "a estabilidade monetária, a estabilidade financeira, o emprego e o desenvolvimento econômico com equidade social".
Em sua carta, a ex-presidenta assevera que sua administração sempre procurou proteger o valor da moeda, já que sua depreciação produziria os efeitos mais desfavoráveis sobre a atividade econômica em geral, como acontece agora.
"Pode ser afirmado que, pelo menos neste capítulo, não nos equivocamos e as consequências estão à vista".
A seguir, relata que desde dezembro de 2015 até hoje se vive um aumento súbito dos preços, o desemprego, o aumento da inflação, a pobreza e a queda da atividade econômica e comercial.
Isso é o resultado dos efeitos de uma "maxidesvalorização" levada a cabo pelas autoridades do governo atual, de maneira brutal.
"O (atual) governo não cuida dos argentinos. Também não parece preocupar-se por eles, nem pela dor, angústia e incerteza que hoje estão vivendo", reafirma a ex-presidenta.
Encerrando a carta, ela denuncia que a atual administração tentou uma desvalorização por meios judicial, forçando a saída do presidente do Banco Central, Alejandro Vanoli, e o desmoralizaram.
"Agora, com a cumplicidade judicial, pretendem nos colocar ante a opinião pública como culpadas dos efeitos das medidas e decisões que eles adotaram".
"Finalmente o governo das desculpas – como tudo na vida – tem um limite: a responsabilidade dos próprios atos e o julgamento inevitável da história".
Ao sair dos tribunais, dirigiu-se à multidão que a aclamava e disse: "Podem-me citar 20 vezes mais ou meter-me presa, mas não me vão calar".