Dilma aos movimentos sociais: Vamos derrotar o impeachment 

A presidenta Dilma Rousseff afirmou que está convencida de que a democracia vencerá neste domingo (17), na votação do impeachment na Câmara dos Deputados. Em carta enviada ao ato no Acampamento Nacional pela Democracia e Contra o Golpe, na manhã deste sábado (16), Dilma agradeceu a mobilização dos movimentos presentes ao acampamento. A carta foi lida pela secretária-especial de Políticas para as Mulheres, Eleonora Menicucci.

Dilma Rousseff

“Sei que vocês vieram para cá de todos os cantos do Brasil. Esse sacrifício de mulheres, homens, indígenas, negros e negras, militantes da diversidade, CUT, MST, MTST, CTB e dezenas de outras entidades, tem o meu maior reconhecimento e agradecimento. Mais que isso, reforça a minha disposição de cada vez mais criar condições para que o nosso governo possa atender às justas reivindicações de vocês”, leu Menicucci, afirmando se sentir honrada em ter sido escolhida para transmitir a mensagem da presidenta.

“Gostaria muito de estar aí com vocês. Se não posso ir ao encontro de vocês, hoje, é pela necessidade de dialogar o dia inteiro com parlamentares que se mostram cada vez mais sensíveis a derrotar o impeachment”, explicou.

Na carta, Dilma citou o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que estava presente ao ato. “Ele leva meu abraço e carinho a todos vocês. E são vocês que juntos a milhões de brasileiros e brasileiras vêm promovendo manifestações pacíficas em defesa dos direitos e da liberdade”.

“Essa luta de vocês é minha também. E amanhã, domingo, na votação do impeachment, não estará em jogo apenas o mandato de uma presidenta eleita, primeira mulher eleita e reeleita. O que estará em jogo é o respeito às urnas e à vontade soberana do nosso povo, fundamento dos regimes democráticos nos países civilizados. Sobretudo direitos, conquistas sociais e avanços que com a participação de todos, o Brasil alcançou nos últimos 13 anos”, afirmou Dilma.

Ao final da carta, a presidenta pede que os brasileiros continuem defendendo a democracia. “Vamos derrotar o impeachment sem base legal, porque é um golpe à nossa democracia. Vocês são os guardiões dos valores democráticos que fazem do Brasil uma grande nação. Estou convencida de que a democracia vencerá amanhã”, finalizou. 

Confira a íntegra:

Queridas amigas e queridos amigos,

Gostaria muito de estar com vocês neste generoso e solidário acampamento em defesa da democracia. Sei que vocês vieram para cá de todos os cantos do nosso Brasil, enfrentando viagens longas, sol inclemente e muitas, e muitas dificuldades.

Todo esse sacrifício de mulheres, homens, jovens, indígenas, negras, negros, militantes da diversidade, CUT, MST, MTST, Conam, CTB e dezenas de outras entidades, tem o meu maior reconhecimento e agradecimento. Mais que isso, reforça minha disposição de, cada vez mais, criar condições para que o nosso governo possa atender aos justos reclamos e reivindicações de todos e todas vocês.

Se não posso ir ao encontro de vocês hoje, pela necessidade de dialogar o dia inteiro com parlamentares que se mostram cada vez mais sensíveis a derrotar o impeachment, faço-me representar pelo nosso querido ex-presidente Lula. Este companheiro de todas as horas leva meu abraço e carinho a todas e todos vocês que, junto a milhões de brasileiras e brasileiros, vêm promovendo manifestações pacíficas em defesa da democracia, do Estado de Direito e da liberdade.

O movimento de vocês, que é meu também, é uma manifestação generosa, dos mais diversos setores da sociedade, mesmo dos que não votaram em mim, dos que até têm críticas ao governo, mas não perderam a fé no Brasil e na democracia.

Como já disse em outra ocasião, a história gravará a voz de vocês, de quem se pronunciou neste grave momento, decisivo para o nosso futuro.

Amanhã, domingo, na votação do impeachment, não estará em jogo apenas o mandato de uma presidenta eleita, a primeira mulher eleita e reeleita no nosso País por mais de 54 milhões de votos. O que estará em jogo, queridas amigas e queridos amigos, é o respeito às urnas e à vontade soberana do nosso povo, fundamento dos regimes democráticos nos países civilizados.

Estão em jogo, sobretudo, direitos, conquistas sociais e os avanços que, com a participação de todas e todos vocês, o Brasil alcançou nos últimos 13 anos.

Companheiras e companheiros,

Vocês sabem que o Brasil e quase todos os países estão vivendo dificuldades econômicas.

Sei que nosso governo ainda não atendeu todas as legítimas reivindicações de vocês, mas tenho certeza que nosso País tem todas as condições para vencer a crise e continuar crescendo, gerando emprego e ampliando nossa política de inclusão social e garantia de oportunidades para todos e todas. Juntos, haveremos de reencontrar a paz e a união necessárias para retomar o rumo das mudanças.

No entanto, somente o respeito à ordem democrática pode assegurar a reunificação nacional. Por isso, dirijo-me a cada uma e a cada um de vocês para pedir que continuem defendendo a democracia no trabalho, nas escolas, nas ruas e em qualquer lugar que possam e estiverem e, sobretudo, nas redes sociais.

Vamos derrotar um impeachment sem base legal, um verdadeiro golpe contra a nossa democracia.

Não cometi crime nenhum de responsabilidade, não há contra mim qualquer denúncia de corrupção ou desvio de dinheiro público. Meu nome não aparece em nenhuma lista de recebimento de propina. Tampouco sou suspeita de qualquer delito contra o bem comum. Portanto, não é justo, não é legítimo tentarem abreviar meu mandato, que pretendo exercer, defender e honrar até o último dia, conforme dispõe a Constituição brasileira.

Por fim, quero expressar meu respeito e minhas homenagens a vocês, cidadãs e cidadãos do meu País, pessoas das cidades e dos campos, da floresta, das águas e das marés. Vocês são os guardiões e guardiãs dos valores democráticos que fazem do Brasil esta grande nação.

Despeço-me com um abraço fraterno, confiante e convencida de que a democracia vencerá amanhã, no domingo.

A democracia é o lado certo da nossa história.

Um grande e fraterno abraço.

Dilma Rousseff, Presidente da República.