Oposição já sabe que vai perder, dizem deputadas do PCdoB

 Em pronunciamento na tribuna da Câmara, as deputadas federais Jandira Feghali (RJ), Jô Moraes (MG) e Alice Portugal (BA), do PCdoB, defenderam que a oposição está intranquila porque já percebeu que não terá os votos para levar adiante o impeachment da presidenta Dilma Rousseff. As parlamentares destacaram que o mundo já percebeu que está em curso um golpe, que “inviabilizaria” o país.

Jô Moraes, Jandira Feghali e Alice portugal

“O governo ilegítimo não governará. Michel Temer não conseguirá andar na rua. Porque ninguém pode governar sem voto e legitimidade", disse Jandira. Segundo ela, a comunidade internacional “está de olho” no que ocorre no país e diversas organizações, como a ONU e a OEA, já se pronunciaram em defesa da democracia.

“Diversas entidades nos observam e, cada vez mais, o golpe vai ficando claro no mundo inteiro. Está clara a tentativa de tirar uma presidenta que não cometeu nenhum crime. Vocês sabem que não vão ganhar essa votação, está explícito nos semblantes de vocês e no comportamento da mídia”, discursou.

Se acordo com ela, a sociedade quer mais direitos e estabilidade política. “E isso vocês jamais darão, porque quem dá golpe, reduz a democracia, não tem paz e equilíbrio para governar. Muito menos com uma agenda restritiva de direitos (…) O sentimento e a alma libertária dos brasileiros vai sendo agredida por vocês, que não conseguem identificar um só fato, um só crime que possa tirar Dilma”, disse aos deputados.

Jandira previu ainda que no domingo (17) a oposição terá que “engolir a derrota” e caberá ao governo e seus aliados a “preocupação sincera” de estabelecer uma coalizão para recompor um projeto para o Brasil, salvar a economia, conquistas sociais, a democracia e a liberdade.

Jandira ainda questionou a distribuição de crachás feita pelo presidente da Câmara, Eduardo Cunha, para permitir a entrada na Casa. Entidades que apoiam o impeachment, como o Movimento Brasil Livre (MBL), tiveram acesso à Câmara, enquanto veículos de mídia alternativa não puderam entrar.

Farsa jurídica

Já a deputada Jô Moraes avaliou que cresce no país a certeza de que o impeachment “é um golpe, uma farsa jurídica”, que a “consciência democrática do país não aceitará”.

“Eles sabem que é golpe e que povo brasileiro não respeitará políticos que não têm coragem de dar um voto em defesa da democracia”, disse Jô. Presidenta da Comissão de Relações Exteriores da Câmara, ela contou estar recebendo várias mensagens de diplomatas e parlamentares de outros países. “O mundo está estarrecido”, disse.

A parlamentar disse que “no rosto dos que articulam o golpe, não há mais tranquilidade”, diante da falta de votos para tirar a presidenta. “Sentimos nas ruas. Vocês não condenarão uma mulher íntegra, que deu a juventude pela democracia e está dando a maturidade para preservar a liberdade”.

Cassação

A também deputada Alice Portugal classificou o processo de impeachment como cheio vícios e inconsistências. Segundo ela, hoje, nem se fala mais em impeachment, mas em cassação, “como um instrumento ditatorial, de um regime de exceção”. Para ela, o pedido de impedimento atenta contra os preceitos democráticos.

Segundo ela, a crise será supera “com o governo legitimado nas urnas, pela vontade popular”. Alice também lembrou que, embora a oposição fale em combate à corrupção, foram os governos de Lula e Dilma que fortaleceram o Ministério Público.

De forma desrespeitosa, durante a fala das deputadas do PCdoB, parlamentares adeptos do golpe gritavam “Tchau, querida”. Na sexta, o deputado Paulinho da Força (SD-SP), distribuiu no plenário cartazes onde se lia a mesma frase. A mensagem faz referência à forma pela qual a presidente Dilma Rousseff costuma se dirigir aos seus interlocutores.