Eduardo Cunha censura sessão do Conselho de Ética

Para que o povo brasileiro não tome conhecimento das denúncias do lobista Fernando Antônio Falcão Soares, conhecido como Fernando Baiano, o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), mandou retirar, na tarde desta terça-feira (26), todas as equipes de TV e jornalistas da reunião do Conselho de Ética, que analisa o pedido de cassação dele.  

Cunha impede transmissão da oitiva de delator da Lava-Jato - Agência Câmara

Apontado na operação Lava Jato como operador de recursos para o PMDB no esquema de propina da Petrobras, Baiano está sendo ouvido pelo Conselho de Ética e Decoro Parlamentar como testemunha no processo contra Eduardo Cunha.

A atitude de Cunha provocou a indignação da deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ) que, na redes sociais, denunciou o fato, destacando que “Eduardo cunha, além de comandante do golpe, com mais dois processos no STF (Supremo Tribunal Federal), não tem mais autoridade moral de fazer nada na Câmara. E nesse momento mandou retirar jornalistas e suspender a transmissão de imagens da reunião do Conselho de Ética”.

Para a deputada, “ele (Cunha) faz de tudo para cassar a presidenta Dilma e na hora do processo dele, ele determina que a reunião seja fechada, para ninguém acompanhar as denúncias do seu delator, Fernando Baiano, que entregou propina no escritório dele. Essa é uma amostra clara dessa articulação política irresponsável, corrupta, promíscua que é a existência de Eduardo Cunha na presidência da câmara, usando cargo para manipular contra Dilma e a favor dele, a favor de Temer e contra o povo brasileiro.”

Manobras protelatórias

Cunha é alvo de uma representação que pede a cassação de seu mandato por ter mentido à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Petrobras, em março do ano passado, quando disse que não tinha contas no exterior.

Documentos do Ministério Público da Suíça revelaram a existência de contas ligadas a ele naquele país. Cunha nega ser dono das contas, que, segundo ele, são administradas por trustes, e afirma ser o “usufrutuário” dos ativos mantidos no exterior.

O processo já tramita há cinco meses, com manobras protelatórias Cunha e sua tropa de choque para retardar os trabalhos.

Nesta quarta-feira (27), o conselho deve ouvir a última testemunha arrolada pelo relator: o empresário João Henriques, que atuava como lobista do PMDB e disse, em delação premiada da Operação Lava Jato, que transferiu mais de US$ 1 milhão para contas de Cunha no exterior. A partir daí, serão ouvidas as testemunhas indicadas pelo advogado de Cunha.

A fase de instrução do processo – oitiva das testemunhas – termina em 19 de maio.

Abaixo-assinado

No mesmo horário do depoimento de Baiano, um grupo de representantes do movimento Avaaz.com – uma plataforma online responsável por petições da comunidade relacionadas a questões políticas –entregou ao conselho um documento com mais de 1,3 milhão de assinaturas de apoio à perda de mandato do presidente da Câmara.

“Pedimos que o Conselho de Ética exerça seu papel e acelere o quanto antes o processo contra Eduardo Cunha por quebra de decoro parlamentar. Acreditamos que vocês darão voz à milhares de brasileiros que estão indignados em terem como líder da Casa do povo alguém suspeito de estar envolvido com corrupção”, destaca a petição.