Na Câmara, Baiano confirma pagamento de propina para Cunha

Em depoimento ao Conselho de Ética da Câmara, o lobista Fernando Soares, conhecido como Fernando Baiano, confirmou aos deputados que repassou pagamentos de propina ao Eduardo Cunha (PMDB-RJ), presidente da Casa. A declaração endossa o que Baino disse em depoimento da delação premiada. 

Psol pede cassação de Cunha no debate sobre impeachment

Na delação, Baiano disse que Cunha recebeu propina do esquema de corrupção na Petrobras recebendo entre R$ 1 milhão e R$ 1,5 milhão em espécie entregues no escritório de Cunha.

Ele disse também que o peemedebista foi o beneficiário dos US$ 5 milhões para viabilizar a contratação de navios sondas, como disse o empresário Júlio Camargo, também delator da operação. O lobista disse, porém, não ter conhecimento de que o peemedebista tenha contas bancárias no exterior.

O início da sessão foi tumultuado. Ao abrir a sessão, o presidente do colegiado, José Carlos Araújo (PR-BA), informou que o depoimento seria fechado, a pedido da defesa de Baiano, o que provocou a reação de parlamentares. Houve bate boca e tumulto na sessão e algumas pessoas foram retiradas da sala.

O relator do processo, Marcos Rogério (DEM-RO), disse que a sessão aberta poderá acarretar no pedido da defesa de Cunha para invalidar as provas. O deputado Júlio Delgado (PSB-MG) defendeu a reunião reservada. “Pode ser que Cunha requeira a nulidade do depoimento e depois vão dizer que a gente está querendo protelar o andamento dos trabalhos. Então é preferível fazer logo a reunião reservada para evitar problemas futuros”, defendeu.

Para o deputado Alessandro Molon (Rede-RJ), a reunião ser aberta não prejudica o processo. “Não há aqui qualquer desvio da lei. O colegiado deliberou que a sessão é aberta, qualquer cidadão pode entrar e ouvir este depoimento, mas o que está proibido é a produção de imagens do depoente. E quem o fizer desrespeitará a lei, mas isto não contamina o processo no Conselho de Ética”, defendeu.

Após muito debate, os parlamentares decidiram que o depoimento seria transformado em uma sessão aberta, mas sem a possibilidade de ser filmado ou fotografado.

A comissão trata do pedido de cassação do mandato do presidente da Câmara, Eduardo Cunha, eleito pelo PMDB do Rio. O deputado é acusado de quebra do decoro parlamentar por ter mentido à CPI da Petrobras, afirmando que não tinha contas bancárias no exterior. A versão dele foi contestada pelo Ministério Público da Suíça, que enviou ao Brasil documentos atestando a existência de contas em nome de Cunha e de familiares dele.