Dilma quer imposto de renda mais progressivo

A presidenta Dilma Rousseff anunciou a correção da tabela do Imposto de Renda de pessoa física em 5%. Para neutralizar o impacto da medida nas contas públicas, o governo estuda outras mudanças que compensem a arrecadação e tornem o tributo mais progressivo, cobrando mais de quem ganha mais. Matérias veiculadas nesta segunda (02) informam que se avalia tanto incluir uma nova faixa de renda, com alíquota acima do atual teto de 27,5%, como ampliar a contribuição dos que recebem como empresa.

Dilma Rousseff

A correção da tabela do Imposto de Renda, a partir do ano que vem, é uma reivindicação de movimentos sociais e ainda precisa ser aprovada no Congresso.

Em momento de crise, o governo não quis se comprometer com o reajuste proporcional à inflação, que ficou em 10,67% no ano passado. Com a correção de 5% anunciada pela presidenta, o novo teto para isenção de pagamento do Imposto de Renda passa de até R$ 1.903,98 para R$ 1.999,18.

Confira abaixo como ficará a tabela, caso seja aprovada a correção:


Cobrar mais de quem tem mais

Como a correção significará uma arrecadação menor, o governo avalia propostas para compensar as perdas. E aproveita para dar um passo rumo a uma maior justiça fiscal, uma vez que, no país, os impostos incidem mais sobre os de renda mais baixa. De acordo com O Estado de S.Paulo, “o governo quer cobrar mais Imposto de Renda das pessoas que recebem salário como se fossem empresas”.

O Globo informa que “uma das possibilidades em discussão é criar uma nova faixa de renda, com alíquota superior a 27,5%”. Significa dizer que a faixa de renda mais alta da população poderá pagar um percentual superior ao teto atual de imposto. Segundo o jornal carioca, “não está descartado o aperto na tributação do IR de pessoas jurídicas”.

A criação de novas faixas é uma das medidas defendidas por aqueles que cobram uma maior justiça fiscal no país e que agora poderá ser levada adiante pelo governo.  "A ideia é melhorar a progressividade da tributação do imposto de Renda", afirmou um técnico da área econômica a O Globo. Conforme o periódico, o entendimento da gestão atual é o de que, proporcionalmente, os trabalhadores que ganham menos pagam o equivalente a quem recebe uma renda maior.

O reajuste da tabela tem sido uma prática das gestões de Dilma e Lula. Os valores foram reajustados em 4,5% de 2007 a 2014. Em 2015, em meio à crise política, o então ministro da Fazenda, Joaquim Levy, quis barrar a correção, mas Dilma não abriu mão de conceder o benefício e, assim, optou-se por um aumento escalonado, entre 4,5% e 6,5%. Já no governo Fernando Henrique Cardoso (PSDB), a tabela do IR passou seis anos congelada, sem reajuste. 

Proposta é positiva, mas deve ser ampliada

De acordo com Nivaldo Santana, vice-presidente da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), a proposta anunciada pela presidenta, de reajuste da tabela, é “positiva”, mas precisa mesmo ser ampliada.

“O movimento sindical defende uma reforma tributária progressiva, que taxe mais os ganhos financeiros e menos o trabalho e o setor produtivo”, disse o sindicalista. Entre as reivindicações, ele cita o aumento do piso de isenção e a criação de novas faixas na tabela.

Hoje o IR de pessoa física é cobrado a partir de cinco faixas: trabalhadores que ganham até R$ 1.903,98 são isentos; acima disso e até R$ 2.826,65, o desconto é de 7,5%; de R$ 2.826,66 até R$ 3.751,05, fica em 15%; entre R$ 3.751,06 e R$ 4.664,68, é de 22,5%; e, para os que ganham mais de R$ 4.664,68, o desconto é de 27,5%.

Santana aponta a distorção contida na tabela atual. “Hoje, a partir desses R$ 4.664,68 – a pessoa pode ganhar até mais de R$100 mil – o imposto é o mesmo, é tudo igual”, critica, defendendo uma revisão.