A morte do torturador de Dilma Rousseff

Morreu em São Paulo, na madrugada da última quinta-feira (5), o capitão reformado Homero Cesar Machado, acusado de ter torturado Dilma Rousseff em 1970, quando ela foi presa pela repressão política. Homero comandou, entre setembro de 1969 e setembro de 1970, a equipe de interrogatório C da Oban, que depois se transformou em Doi-Codi.

Homero Cesar Machado - Agência AL

Ele foi acusado por Dilma Rousseff, juntamente com o capitão Maurício Lopes de Lima e o major Benoni de Arruda Albernaz, pelas torturas que sofreu quando foi presa naquele ano.

As acusações contra Homero Machado são muitas, relatadas no relatório final da Comissão Nacional da Verdade (CNV), onde é acusado de “tortura até a morte e ocultação de cadáver” durante a ditadura militar (1964-1984). Ele foi o comandante das equipes de tortura que agiram contra os presos políticos Roberto Macarini e Heleny Ferreira Telles, da Vanguarda Popular Revolucionária (VPR); Virgílio Gomes da Silva, da Ação Libertadora Nacional (ALN); e Frei Tito (1945-1974), que se suicidou anos mais tarde. Em 2010 foi movida contra ele uma ação civil pública requerendo a responsabilização do militar por chefiar equipes de tortura que atuaram em órgãos da repressão em São Paulo.

Quando depôs na Comissão Nacional da Verdade (CNV), Homero (que tinha 75 anos ao morrer) de certa forma reconheceu os crimes que cometeu e, como os nazistas em Nuremberg (Alemanha), jogou a culpa nos superiores. Ele se disse submetido a um massacre e afirmou ao advogado José Carlos
Dias, integrante da CNV: “Eu pediria ao senhor que ‘gestionasse’ junto ao Comando do Exército, para que ele pedisse desculpas, como instituição. Porque nós éramos agentes do Exército, nós não levantamos o braço e: ‘Vamos lá, pegar comunistas’. Os senhores deveriam ‘gestionar’ então para que as Forças Armadas pedissem desculpa à Nação”. Desculpas que ele próprio não pediu.