WikiLeaks revela que Temer colaborou com Estados Unidos

A informação divulgada nesta sexta-feira (13), pelo site WikiLeaks, de que o presidente ilegítimo Michel Temer fornecia informações políticas sobre o cenário brasileiro para o Conselho de Segurança Nacional dos Estados Unidos desnuda o envolvimento do governo estadunidense com o desenrolar dos acontecimentos no país.

WikiLeaks revela colaboração de Temer com EUA

Segundo o site, em janeiro e junho de 2006, Temer, na qualidade de líder do PMDB, transmitia seus pontos de vista sobre a unidade do partido e as próximas eleições presidenciais a órgãos de inteligência americanos. Sob a rubrica "sensível", as informações foram enviadas ao Comando Sul dos EUA em Miami e ao Conselho Nacional de Segurança dos EUA, entre outros destinatários.

O secretário estadual da Juventude do Partido dos Trabalhadores (PT) em São Paulo, Erik Bouzan, afirma que a divulgação da colaboração de Temer com o Conselho de Segurança Nacional dos EUA traz uma preocupação maior para o seu partido, na medida em que reforça a hipótese de participação do governo americano em ajudar a desestabilizar o cenário político do Brasil.

"Já dava para imaginar algo parecido. O papel agora é denunciar esse fato à sociedade e cobrar explicações de Temer", diz Bouzan.

Para João Claudio Pitillo, pesquisador do Núcleo das Américas da UERJ (Universidade Estadual do Rio de Janeiro), “a denúncia é muito grave”. Segundo Pitillo, “não é a primeira vez que o WikiLeaks acusa autoridades brasileiras de manter vínculos com os Estados Unidos, o que deve ser rigorosamente apurado.

"Naquela época, Michel Temer era o presidente nacional do PMDB, e hoje ele é o presidente do Brasil, ainda que interino. De qualquer maneira, são denúncias que precisam ser apuradas, se nós levarmos em conta que os Estados Unidos têm profundos interesses no Brasil e na América do Sul, e, ainda em relação ao Brasil, veem com muita cobiça os depósitos de petróleo existentes na camada pré-sal”.

Os telegramas falam sobre uma possível disputa entre um candidato do PMDB com Lula, caso não houvesse acordo entre os partidos. O nome de Anthony Garotinho teria sido cogitado neste momento, mas haveria uma resistência no PMDB. Germano Rigotto, na época governador do Rio Grande do Sul, e Nelson Jobim, ex-ministro da Defesa, também foram cogitados.

Em outro trecho do documento, Temer se negou a prever como ficaria a corrida eleitoral, mas afirmou que haveria segundo turno. Disse apenas que “qualquer coisa poderia acontecer”. Na ocasião, ele teria confirmado que o seu partido não apresentava candidatos à presidência e que o PMDB não seria aliado do PT e nem do PSDB, pelo menos até o segundo turno.

Temer teria dito que o PMDB elegeria, naquele ano, entre 10 e 15 governadores pelo país. O partido teria também as maiores bancadas no Senado e na Câmara dos Deputados. Sendo assim, o presidente que fosse eleito teria que se reportar ao PMDB para governar. “Quem quer que vença a eleição presidencial terá que vir até nós para fazer qualquer coisa”, teria dito o político.