Movimento "Ocupa MinC e Fora Temer" se espalha pelo Brasil

O movimento começou na sexta-feira (13) com a ocupação do Instituto do Património Histórico Artístico Nacional (Iphan) de Curitiba (PR) e soma neste final de tarde de terça-feira (17) sete capitais brasileiras com ocupações em órgãos e autarquias vinculadas ao Ministério da Cultura. A pasta foi extinta e agora faz parte do Ministério da Educação do governo ilegítimo de Michel Temer (PMDB). O fim do MinC gerou revolta entre artistas, coletivos culturais e movimentos sociais.

Por Railídia Carvalho 

Ocupa MinC em Natal - Wallace Yuri

Tainá, artista do morro do Querosene, esteve presente no ato de ocupação da Fundação Nacional de Artes (Funarte), em São Paulo, que aconteceu na tarde desta terça-feira (17). Para ela atacar primeiro a cultura é uma forma “de calar a nossa boca” para combater a luta contra o golpe no Brasil.

“O primeiro grande golpe aconteceu com a chegada dos portugueses e isso vem acontecendo de novo. A partir da exterminação da cultura do povo, você vai dominando esse povo fazendo ele ficar sem lembranças das raízes, da linguagem, da forma de se manifestar. Todo mundo está sendo atacado, artistas, trabalhadores, trabalhadores da saúde, é preciso juntar todos os segmentos para lutar contra esse governo golpista”, argumentou.
Diversidade

Também nesta terça-feira, artistas e coletivos culturais do Ceará ocuparam a sede do Iphan em Fortaleza.  Para o historiador João Paulo Vieira os manifestantes tentam garantir os direitos que foram conquistados na últimas décadas. 
“Nós percebemos que é fundamental reafirmar a importância do Minc, que mais que um Ministério ele é um conjunto de políticas culturais voltadas para a diversidade cultural brasileira que é um direito assegurado no artigo 215 da Constituição”, explicou João.
Em Natal, artistas que ocuparam a sede do Iphan nesta terça-feira estão convocando os coletivos para organizarem a programação da ocupação do Iphan. “Estamos convocando todos os artistas da cidade para trazer suas agendas e atividades pra dentro do IPHAN, oficinas, ensaios abertos, mostra audiovisual e música”, informou Joanisa Prates, atriz, dançarina e colaboradora dos Jornalistas Livres na cidade.
Direito à cultura

Ana Valeska, do colegiado do Iphan, da Bahia, e também conselheira cultural afirmou que é inconcebível tirar do povo brasileiro o direito de ter um ministério que cuide da diversidade da cultural do país. Ela participa da ocupação da representação regional do MinC que aconteceu nesta terça-feira em Salvador.
“Essa ocupação é de ordem política na perspectiva de se colocar diante e afrontando toda esse tipo de ingerência que vem no sentido de nos aniquilar, nos anular, de tirar da gente aquilo que é a nossa diversidade enquanto povo brasileiro”, declarou.
 
Além de São Paulo, Salvador, Fortaleza e Natal, acontecem ocupações em Curitiba, Rio de Janeiro e Recife.