Trabalhadores da Cultura ocupam sede do MinC no Recife

Artistas, produtores culturais, gestores públicos da Cultura e trabalhadores de vários segmentos da teia cultural pernambucana participaram na noite desta segunda-feira (16) de um ato em repúdio à decisão do presidente interino Michel Temer de fundir os ministérios da Educação e Cultura. A manifestação iniciou na Praça do Arsenal da Marinha e seguiu em cortejo até a sede da Regional Nordeste do Ministério da Cultura (RRNe-MinC), no Bairro do Recife.

Trabalhadores da cultura em Recife

Na praça, conhecida por ser um importante polo cultural durante as festas mais importantes da capital pernambucana, dezenas de fazedores de cultura pediam não só a volta da MinC – já que a manobra política praticamente extingue a pasta – mas a saída imediata do governo golpista do PMDB. Segundo a atriz Hilda Torres o governo de Temer “Não se sustenta por que não é legítimo.

Não nos representa, e estamos aqui no Recife e em várias outras cidades neste exato momento para dizer isso para toda a sociedade brasileira”, comentou ela em referência à mobilização nacional dos Artistas Pela Democracia que ocupou sedes do ministério e de suas autarquias pelo Brasil.

O secretário de Cultura de Pernambuco, Marcelino Granja, esteve no ato. Para ele, a mobilização entre os agentes culturais deve seguir firme nas ruas, no acompanhamento com a grande mídia, e nas redes. “O que está por traz desse golpe é muito mais poderoso do que esses bandidos que assaltaram a presidência da república, e desse bando de ministros que na verdade representam um butim sobre o estado nacional. O que está por traz é o inconformismo das elites brasileiras contra esse projeto iniciado pelo presidente Lula.”, disse Granja.

Em sua fala também alertou para o momento que vive a classe trabalhadora, uma vez que, segundo ele, o povo brasileiro ainda não percebeu as perdas sociais que o golpe parlamentar já impõe: “Pra gente ganhar o povão trabalhador que ainda não percebeu o que está por vir, nós temos que denunciar o golpe alertando o que fizeram com a nossa democracia, e ao mesmo tempo temos que lembrar a esses trabalhadores e trabalhadoras das grandes conquistas que tivemos nos últimos anos…”, provocou o secretário.

O ato contou com falas emocionadas, músicas de protesto e um cortejo – com direito a velas acesas – simbolizando o fim da manutenção e criação de políticas públicas para a Cultura. Com as portas do casarão, sede da RRNE-MinC, abertas, os participantes do ato chegaram a ocupar por alguns minutos o salão da Regional, e com gritos de “Fora Temer”, “O MinC é nosso” e “Fora golpistas” os manifestantes finalizaram a atividade na capital pernambucana. Os manifestantes devem se reunir para outros atos ainda esta semana.

Luciana Santos pela cultura pernambucana

Em agenda no Distrito Federal, a deputada federal e presidenta nacional do PCdoB, a pernambucana Luciana Santos parabenizou os participantes do ato e fez questão de enfatizar o retrocesso que a manobra política representa para os trabalhadores do setor: “essa fusão do MinC com o MEC é de fato a extinção do papel do Ministério da Cultura.

"Todos nós sabemos o que significou o ministério na gestão do presidente Lula, com Gilberto Gil, que deu um passo extraordinário do ponto de vista da garantia de políticas de fomento e estímulo ao desenvolvimento de linguagens, e de uma nova forma de perceber a gestão pública da Cultura. Nós vamos seguir denunciando esse desmonte. Vamos seguir na luta…”, finalizou ela.