Jânio: Arbitrariedade e prepotência como política de governo

O colunista Jânio de Freitas fez uma análise sobre as primeiras ações de Michel Temer à frente da Presidência. Segundo o colunista, as medidas tomadas pelo ilegítimo governo até agora, tal como a extinção do Ministério da Cultura, não foram ações puramente técnicas ou ocasionais, mas coerente com "o governo" formado por “retrógrados”. Essas ações não passam de arbitrárias e prepotentes. "Uma política que expressa a índole do governo e do próprio Temer", descreveu.

Ações de Temer em consonância com o conservadorismo

No texto publicado nesta quinta-feira (19), na Folha de S.Paulo com o título "A ignorância em ação" , Jânio de Freitas enumera sete ações administrativas de caráter anacrônico que o governo golpista e usurpador de Temer realizou tão logo a presidenta Dilma Rousseff foi afastada da Presidência para o julgamento do impeachment no Senado.

Para comprovar sua tese, o colunista, cita os exemplos:  Á frente da Justiça, Alexandre Moraes, – único ministro indicado por Temer – em sua primeira e "solitária medida" foi rever todos os atos praticados pelo ministro que o antecedeu, José Eduardo Cardozo.

O segundo e terceiro pontos abordados por Jânio foram também sobre a revisão das ações do governo Dilma. E conta que a primeira atitude de Osmar Terra após sua nomeação no Ministério do Desenvolvimento Social e Agrário foi comunicar a revisão de atos referentes aos programas sociais, como o Bolsa Família. “Parece claro que a intenção é cortar o gasto do Bolsa Família com uma alegação oportunista”. Igualmente, o ministério da Educação e Cultura, comandado agora pelo agricultor Mendonça Filho “manda rever todas as medidas tomadas nos últimos dias do governo Dilma por Aloizio Mercadante (Educação), Juca Ferreira (Cultura) e respectivos chefes de departamento”.

"Na Casa Civil, Eliseu Padilha comanda a revisão de todos os atos baixados por Dilma desde 1º de abril". Além disso, Padilha procede à revisão das demarcações de terras indígenas. “Na Advocacia-Geral da União, Fábio Medina Osório chega com a determinação de "apurar" a conduta do antecessor José Eduardo Cardozo na defesa de Dilma. Parece-lhe inadmissível que Cardozo tenha se referido a "golpe", ao falar do golpe”, escreve Jânio.

A sete e última questão abordada pelo colunista é a atitude de Temer no ato de exoneração “do jornalista Ricardo Melo da presidência da Empresa Brasileira de Comunicação (EBC).”

Prepotência como política de governo

“As revisões citadas nestes exemplos e os demais casos, que incluem os outros ministérios, compõem um conjunto caracterizadamente persecutório e policialesco. Sua amplitude e prioridade evidenciam tratar-se, não da verificação de eventuais impropriedades, mas de arbitrariedade e prepotência como política de governo. Uma política que expressa a índole do governo e do próprio Temer, no mínimo por se sujeitar, como marionete, a corrompidos, ímprobos e fraudadores à sua volta”, destacou.

De forma irônica, o colunista diz que “Fernando Henrique, devia agradecer a Lula por nada ter investigado, com tantas possibilidades”.

Com esses exemplos, o colunista diz que se pode concluir que este “novo governo” apenas realiza uma perseguição política e que “só teve um precedente no Brasil: o poder instalado pelo golpe de 1964”. Jânio confronta o quadro político de hoje com o golpe militar, "não comparadas as dimensões, mas a sanha é a mesma", diz. "Até a covardia que leva a demitir o garçom do gabinete presidencial, José Catalão, porque considerado petista, iguala essa gente de hoje à lá de trás”.

Sobre Michel Temer, Jânio de Freitas sentencia: “Gore Vidal, em ‘Washington, D.C.’ (há edição brasileira da Rocco): "Pode-se dizer que tem todas as características de um cachorro, menos a lealdade".