Trabalhadores e estudantes da Unicamp fazem greve contra o retrocesso

A Comunidade Acadêmica da Unicamp se mobiliza pelas Cotas Raciais, por reajuste salarial, contra cortes no orçamento e contra o impeachment da presidenta Dilma

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Na quarta-feira (18/05) a Assembleia Geral dos trabalhadores da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) rejeitou o reajuste salarial de 3% apresentado pelo Cruesp (Conselho de Reitores) e decidiu decretar greve a partir de segunda-feira (23), por tempo indeterminado.

Segundo João Raimundo Mendonça de Souza (Kiko), “O ICV-DIEESE de maio/2015 a abril/2016 totalizou 9,34% e somados aos 3% para recuperação de parte das perdas acumuladas, o índice reivindicado pelos trabalhadores das três universidades paulistas é de 12,34%. Vamos lutar pelo valor que estamos pedindo”.

Na segunda reunião de negociação entre o Cruesp e o Fórum das Seis Entidades (Fórum das Seis) – que reúne as entidades representantes das comunidades das três universidades paulistas (Unicamp, Unesp e USP) – os reitores apresentaram um índice que sequer repõe a inflação do período. A reunião ocorreu na segunda-feira (16) em São Paulo e durante o encontro as comunidades universitárias realizaram uma paralisação conjunta.

Outro fator de tensionamento é que a Universidade anunciou, logo no início da Campanha Salarial, um corte orçamentário que pode chegar a R$ 40 milhões. Somando a isso tem a luta histórica pela isonomia salarial com os servidores técnico-administrativos da USP, compromisso assumido e não cumprindo pelo gestor.

“Esses cortes irão afetar a manutenção e as condições de trabalho, precarizar a educação e prejudicar os serviços oferecidos à população”, explica o diretor do sindicato, João Raimundo Mendonça de Souza (Kiko).

Segundo os trabalhadores, a Universidade possui reservas orçamentárias que deveriam ser usadas em momentos de crise. Por isso, o Sindicato dos Trabalhadores da Unicamp (STU) reprova essa decisão do reitor de cortar verbas sem discussão prévia com a comunidade universitária e, principalmente, porque essas medidas de enxugamento têm grave impacto nas atividades.

Estudantes em luta: #OcupaTudoUnicamp

Os estudantes da Unicamp ocuparam a Reitoria no dia 10 de maio, para protestarem contra os cortes orçamentários anunciados pelo reitor José Tadeu Jorge, a favor da implantação de uma política de cotas étnico-raciais na universidade e pela ampliação das políticas de permanência estudantil, especialmente por moradia. Além disso, preocupados com o momento político do país e sabendo que suas demandas se inserem no contexto da atual crise, eles também se mobilizam contra o impeachment da presidenta Dilma Rousseff. “É um governo golpista e ilegítimo que já demonstrou uma agenda de ataques às conquistas sociais e aos direitos dos trabalhadores e da juventude”, disse o estudante do doutorado em Filosofia, Paulo Eduardo Bodziak.

No final da manhã de terça-feira (17) a Deputada Estadual Leci Brandão (PCdoB/SP) esteve na Unicamp para expressar seu apoio à luta dos estudantes e solidariedade à Campanha Salarial dos funcionários.

Ela visitou a ocupação na reitoria e também falou sobre sua preocupação com as mudanças recentes no país, com os cortes no orçamento do governo do Estado de São Paulo e a falta de uma política de inclusão nas universidades estaduais paulistas. Os estudantes aproveitaram para apresentar à deputada sua pauta de reivindicações.

Leci reafirmou seu compromisso com a inclusão e incentivou que todos lutem por um país melhor, também colocou seu mandato à disposição da luta dos estudantes e funcionários da Unicamp.

Ainda na terça-feira a reitoria recebeu uma comissão de estudantes. O objetivo da reunião foi apresentar as pautas do movimento #OcupaTudoUnicamp e cobrar a suspensão imediata do pedido de reintegração de posse, conseguido pelo gestor na última sexta-feira (13). Devido à ausência do reitor nenhuma garantia foi dada em relação às pautas apresentadas e uma nova reunião foi indicada para continuar as discussões.

Na próxima semana os trabalhadores da Unicamp se juntam aos estudantes em greve unificando as bandeiras de luta que reivindicam o fim dos cortes, implantação de cotas raciais, defesa da Educação Pública e contra o golpe.

De Campinas,
Márcia Quintanilha e Fernanda de Freitas