Corrêa: Reeleição de FHC foi operada por Motta, Magalhães e Pauderney

Pedro Corrêa, ex-deputado e ex-presidente do Partido Progressista (PP), legenda com o maior número de parlamentares envolvidos no esquema de corrupção e desvios na Petrobras, disse em sua delação premiada na Lava Jato, que a reeleição do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, em 1998, foi "um dos momentos mais espúrios" que ele presenciou em sua vida pública.

Reeleição de FHC

A informação foi divulgada na coluna do jornalista Fausto Macedo, do Estadão, com direito a imagem do documento da delação, sem a assinatura de Corrêa. Ele admite ter se envolvido em crimes desde seu primeiro mandato parlamentar, em 1978 pelo extinto Arena.

Ainda de acordo com as informações do jornal, mais de 50 parlamentares receberam propinas num esquema operacionalizado por Sergio Motta e Luis Eduardo Magalhães (ambos falecidos), e pelo atual deputado Pauderney Avelino (AM), líder do DEM na Câmara.

Vale lembrar que Pauderney foi citado nas conversas gravadas entre o ex-presidente da Trapestro, Sérgio Machado, e o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL) em que Machado critica diversos políticos, mas faz menção especial ao líder do DEM. "Como que você tem cara de pau, Renan, aquele cara Pauderney que agora virou herói. Um cara mais corrupto que aquele não existe, Pauderney Avelino".

Voltando a delação de Corrêa, ele afirma que quem ajudou a bancar a reeleição de FHC foi o banqueiro Olavo Setúbal, do Itaú, também já falecido.

"O delator da Lava Jato relatou que por parte do governo federal a iniciativa da reeleição foi liderada pelo então ministro das Comunicações Sérgio Motta (morto em 1998) e pelo então presidente da Câmara Luis Eduardo Magalhães (também morto em 1998 e na época do PFL) com o apoio do deputado Pauderney Avelino – atualmente líder do DEM na Câmara – , dos então governadores Amazonino Mendes (PFL-AM) e Olair Cameli (PFL-AC) ‘entre outras lideranças governistas’ . De acordo com Pedro Corrêa, essas lideranças ‘compraram os votos para a reeleição de mais de 50 deputados’", diz a reportagem.

Corrêa ressaltou ainda que na época havia uma disputa política entre FHC e Maluf, que tinha acabado de deixar a Prefeitura de São Paulo com alta aprovação e aspirava se candidatar a Presidente da República. Por isso, atuava em lado oposto ao de FHC, “tentando alijar com propinas deputados em desfavor da emenda constitucional com recursos do então ex-prefeito da cidade de São Paulo e hoje deputado federal, Paulo Maluf (PP-SP)”.

Procurado pelo jornal, Maluf enviou nota em que diz apenas que “o favorecido no episódio foi Fernando Henrique Cardoso com a sua reeleição, e portanto é o FHC que deve ser ouvido”.

Em 28 de janeiro daquele ano a emenda constitucional da reeleição foi aprovada no plenário da Câmara em primeiro turno por 336 votos a favor, 17 contra e seis abstenções. Procurado pela reportagem, Fernando Henrique Cardoso disse que a reeleição foi uma “questão do Congresso”.

Gravações de conversas de parlamentares confirmaram que parlamentares receberam R$ 200 mil para aprovar a medida. O caso foi abafado pelo conhecido “engavetador-geral da República, Geraldo Brindeiro, que apesar das provas decidiu arquivar o caso, varrendo a corrupção para debaixo do tapete.