Otan é guerra

Um conjunto de organizações portuguesas propõe a dinamização de ações comuns e convergentes para exigir a dissolução da Otan e denunciar os objetivos da reunião que a Aliança Atlântica realiza a 8 e 9 de junho, em Varsóvia, na Polônia.

Escultura diante da sede da Otan em Bruxelas, na Bélgica

Entre os primeiros subscritores do texto estão a Confederação Portuguesa das Coletividades de Cultura Recreio e Desporto, a Intervenção Democrática, a Cooperativa Mó de Vida, a Associação Portuguesa de Amizade e Cooperação Iúri Gagárin, o Movimento pelos Direitos do Povo Palestino e pela Paz no Oriente Médio, as associações Conquistas da Revolução e de Reencontro dos Emigrantes, e os sindicatos dos Trabalhadores da Administração Local, dos Professores da Região Centro, dos Trabalhadores Civis das Forças Armadas, e dos Trabalhadores em Funções Públicas e Sociais.

"A maior organização militar no mundo, instrumento de intervenção dos Estados Unidos, definiu a União Europeia como seu pilar europeu", afirma-se no documento em que se recorda que "a partir da última década do século passado, com o seu alargamento ao Leste da Europa e a ampliação das suas múltiplas 'parcerias', os EUA e a Otan reforçaram a sua presença militar na Europa e projetaram a ação ofensiva deste bloco político-militar, apontando todo o planeta como a sua área de intervenção".

"Na Europa – insiste-se –, a Otan não cessa de aumentar as suas atividades militares e a expansão das suas bases, aproximando-se cada vez mais das fronteiras da Federação Russa", ao que acresce "a rede de bases militares estrangeiras, as esquadras navais, os sistemas anti-míssil e de vigilância global que os EUA e os seus aliados da Otan têm por todo o mundo", constituindo-se como "instrumentos da sua estratégia de dominação mundial".

Máquina assassina

"A NATO e os seus membros intervieram diretamente ou apoiaram intervenções militares em países da Europa, do Oriente Médio, da África e da Ásia Central", denuncia-se, dando como exemplos o bombardeamento da Iugoslávia, "a desestabilização, violência e guerra que marcam hoje a realidade do Iraque, da Líbia, da Síria, do Afeganistão ou da Ucrânia".

"Os países membro da Otan, com destaque para os EUA, são responsáveis pela maior parte das despesas militares no mundo e pela corrida a cada vez mais sofisticados armamentos, incluindo armas nucleares. (…) Simultaneamente, são promovidas políticas contra os direitos e condições de vida dos trabalhadores e dos povos em muitos dos seus países membro", detalha-se, antes de se alertar que "esta ação belicista alimenta uma escalada de tensões e encerra a ameaça real de uma guerra generalizada, com o perigo de um confronto nuclear".

Lutar

"A Otan é a principal ameaça à paz na Europa e no mundo. Mas a guerra não é inevitável! As forças da paz, os trabalhadores e os povos têm uma palavra a dizer!", consideram os subscritores, para quem, apesar do desrespeito manifestado por sucessivos governos, "o povo português, em importantes momentos, expressou a sua inequívoca opção pela paz e contra a participação de forças portuguesas na agressão a outros povos".

Nesse sentido, apelam ao respeito pelas aspirações do povo português e ao cumprimento de princípios consagrados na Constituição portuguesa, tais como "desarmamento, dissolução dos blocos político-militares; abolição do imperialismo, do colonialismo e de quaisquer outras formas de agressão, domínio e exploração; soberania, independência, não ingerência, não agressão, resolução pacífica dos conflitos, igualdade entre estados, cooperação".

As organizações apelam, igualmente, "à realização de ações de oposição à Otan, pela dissolução deste bloco político-militar – nomeadamente, nos dias 8 e 9 de julho, quando da realização da Cimeira da Otan em Varsóvia", e propõe que nas iniciativas se exija a retirada de todas as forças da Otan envolvidas em agressões militares; o fim da chantagem, desestabilização e guerras de agressão contra estados soberanos; o apoio aos refugiados, vítimas das guerras que a Otan promove e apoia; o encerramento das bases militares em território estrangeiro e o desmantelamento do sistema anti-míssil dos EUA/Otan; o desarmamento geral e da abolição das armas nucleares e de destruição massiva; a dissolução da Otan. Às autoridades portuguesas exige-se o cumprimento dos princípios da Constituição portuguesa e da Carta das Nações Unidas, no respeito pela soberania e igualdade de povos e estados.