Temer recua e retira apoio a reajuste de ministros e novos cargos

Marcado por idas e vindas, o governo provisório de Michel Temer parece ter recuado em mais um posicionamento. Diversos veículos noticiam que o presidente teria desistido de reajustar os salários dos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) e de apoiar a criação de 14 mil cargos, iniciativas já aprovadas pela Câmara na última semana com os votos do governo. 

Michel Temer

A mudança de curso ocorre após críticas generalizadas à incongruência de Temer, que prega austeridade, aprova previsão de deficit de R$ 170 bilhões e compromete o orçamento com novas despesas.

Segundo vários veículos de comunicação, o presidente provisório teria sido pessoalmente convencido a voltar atrás pelo ministro do Planejamento, Dyogo Oliveira. Ele também teria conversado sobre o assunto com o líder do governo no Senado, Aloysio Nunes.

Como em um passe de mágica, o Palácio – que encampou a proposta na Câmara – agora percebeu que o efeito cascata provocado pelo aumento do salário dos ministros do STF seria devastador para as contas públicas, especialmente nos estados. O governo manterá apoio, porém, ao reajuste para os servidores do Judiciário.

A avaliação da equipe de Temer é de que o apoio aos projetos aprovados na Câmara pegou mal. A realidade é que a gestão interina tem sido alvo de críticas por parte da própria população, do mercado, da oposição e até mesmo de governistas.

A insatisfação ocorre porque a promessa de ajuste – acompanhada de ataques à política fiscal da presidenta eleita Dilma Rousseff – não casa com a aprovação, por exemplo, dos reajustes para servidores, que terão impacto de R$ 58 bilhões nos cofres públicos.

Nesta terça, ao abrir sessão no Senado, o presidente da Casa, Renan Calheiros, reforçou a crítica. “Há dias, votamos a redução do superavit primário e um deficit de R$170 bilhões; na semana seguinte, o governo aprovou, na Câmara dos Deputados, como sempre acontece, um projeto de lei dando aumento aos servidores públicos”, disse.

Para ele, o reajuste e a criação de novos cargos põem em xeque o discurso do deficit. “Das duas uma: ou não fomos suficientemente convencidos com relação ao deficit e, por isso, o aprovamos, e não podemos dar aumento salarial, nem criar cargos, nem aumentar tetos; ou aprovamos um deficit que não existia, e aí podemos dar aumento de salário. Essa responsabilidade fiscal, mais do que nunca, neste momento nacional conturbado, é preciso que se tenha”, completou.