Em Uberlândia lutar contra o golpe é debater na universidade

A paralisação, decidida na assembleia geral dos estudantes da Universidade Federal de Uberlândia-UFU (MG) em 1º de junho, não foi votada para os alunos ficarem em casa. O objetivo é ocupar, de diversas formas, os espaços da universidade. Assim, os alunos da UFU realizam nesses dias de mobilização (8, 9 e 10 de junho) uma série de atividades formativas no campi. A iniciatvia faz parte das manifestações do dia nacional de luta contra o golpe, que acontece nesta sexta-feira (10) em todo o Brasil.

Estudantes da Universidade Federal de Uberlândia no dia nacional Fora Temer

A manhã da quinta-feira, 9/06, por exemplo, foi liberada para que os diretórios e centros acadêmicos (DAs e CAs) propusessem as suas atividades.

O Centro Acadêmico de Comunicação Social (CACoS) é um dos mais ativos, tendo promovido uma roda de conversa sobre como as mobilizações estudantis são representadas pelas diferentes mídias.

O debate contou com cerca de 50 alunos de diversos cursos, fazendo com que a troca de ideias ficasse bastante ampla. Foi reforçada a importância do diálogo e da participação dos próprios estudantes de jornalismo nas atividades, para que os mesmos alimentassem as redes sociais e alguns veículos livres, na intenção de expressar o ponto de vista do estudante sobre as mobilizações e não de alguém que simplesmente vem até a universidade apenas para coletar informações. Além disse, ficou clara a vontade dos estudantes a favor da paralisação de ampliar o debate com os demais estudantes da universidade.

 
No mesmo horário dos espaços promovidos pelo jornalismo e pelos demais cursos, o Diretório Acadêmico da Enfermagem realizou uma roda no campus Umuarama sobre as formas que os cortes afetam a formação do enfermeiro. Contando com a presença de estudantes de outros cursos e dos professores da enfermagem, o debate também foi bastante construtivo. O DA, em nota, enfatizou a fala da Profa. Dra. Marcelle Barros: “Nós da enfermagem precisamos entender nossa necessidade, vermos que somos metade dos profissionais da saúde no Brasil, somos fortes, vamos lutar”.
 
Além das atividades promovidas pelos DAs e CAs de cada curso, foram definidos dois “aulões” durantes os dois primeiros dias de paralisação, para debater a saúde e educação pública de forma com todos os estudantes pudessem participar e se inteirarem dos assuntos, mesmo não sendo da sua área de estudo.
 
O espaço sobre a saúde aconteceu no primeiro dia de paralisação, o estudante do oitavo período de enfermagem, Júlio Alvares, fez uma ampla discussão explicando para estudantes das outras áreas de como funciona o Sistema Único de Saúde – SUS e da sua importância para a prevenção das doenças. Falou-se também das consequências que uma saúde privada traria para a população, que já não teria mais esse trabalho de prevenção e de educação, o que atingiria principalmente as classes mais baixas.
 
Já o debate sobre educação contou com a fala de diversos estudantes, dentre eles o Pibidianos (alunos bolsistas do programa de iniciação da docência), tanto de licenciatura quanto de bacharelado. Os alunos levantaram a questão da necessidade de investimentos em laboratórios para os cursos de licenciatura e humanas também precisam, para a produção de ciência. Reforçaram como é necessário repensar formação dos professores nas áreas das ciências duras, como engenharias, por exemplo, que não contam com nenhum tipo de didática, o que acaba prejudicando a forma de aprendizado em sala, que em algumas disciplinas têm um alto índice de reprovação. O debate contou com vários relatos de estudantes, sobre como pensam que a má educação influência nos preconceitos, como machismo e lgbtfobias, que são disseminados pelo senso comum.
 
Ficou clara a indignação dos estudantes com o novo ministério da educação, com um ministro reacionário que representa um grande retrocesso nas conquistas sociais, uma vez que ele se declarou contra programas sociais para educação, como as cotas raciais implementadas pela lei 12.711/2012.
 
Nota da redação Jornalistas Livres: Infelizmente as atividades na paralisação não foram unanimidade entre os estudantes da UFU, como se pode ver no vídeo