Condenado por doação ilegal, Temer diz que "sempre respeitou a lei"

A delação premiada de Sérgio Machado, ex-presidente da Transpetro e apontado como operador do PMDB no esquema de propinas da Lava Jato, que citou uma suposta propina articulada entre ele e o presidente interino Michel Temer abalou as estruturas já corroídas do governo golpista.

Temer reuniao lideres - Lula Marques/AGPT

Condenado pelo Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo e incluído na lista dos políticos "ficha-suja" do tribunal, consequentemente inelegível por oito anos, Temer divulgou uma ensaboada nota oficial que mais parece declaração de marido que é flagrado traindo a esposa e diz: Calma, não é nada disso que você está pensando.

A nota diz que “em toda sua vida pública, o presidente em exercício Michel Temer sempre respeitou estritamente os limites legais para buscar recursos para campanhas eleitorais”. Mas não é o que o TRE de São Paulo afirma ao condená-lo em segunda instância por ter realizado doações em dinheiro para campanhas eleitorais acima do limite legal em 2014.

Mas Temer segue. Diz que “jamais permitiu arrecadação fora dos ditames da lei, seja para si, para o partido e, muito menos, para outros candidatos que, eventualmente, apoiou em disputas”.

Temer finaliza a nota dizendo que “é absolutamente inverídica a versão de que teria solicitado recursos ilícitos ao ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado – pessoa com quem mantinha relacionamento apenas formal e sem nenhuma proximidade”.

Em delação premiada, Machado afirma que Temer teria pedido doação de recursos ilícitos para a campanha a prefeito de São Paulo de Gabriel Chalita em 2012. Machado detalhou ainda que conversou com Temer na Base Aérea de Brasília, provavelmente em setembro de 2012, para acertar uma doação de R$ 1,5 milhão.

Nos bastidores, o comentário mais ameno sobre o assunto dava conta de que a delação foi “muito ruim”. Temer queria fazer um pronunciamento à nação em cadeia de televisão e rádio, previsto para esta sexta-feira (17), mas teria desistido diante do desgaste político.