Metalúrgico sustenta que Volks contribuiu com a ditadura

“A própria Volks [Volkswagen do Brasil] me entregou para o Dops”, denunciou o ex-funcionário da empresa, João Batista Lemos, em depoimento realizado nesta quinta-feira (23) para o Ministério Público Federal (MPF) em São Paulo, que investiga se a empresa alemã cometeu crimes de lesa-humanidade durante a ditadura civil-militar no país.  

batista lemos depoimento sobre a Volks e a ditadura

Em sua declaração, Batista lembrou-se da coerção que sofreu no ambiente de trabalho. “Dois guardas me esperaram no vestiário e me acompanharam até o departamento pessoal onde fui demitido”, declarou o sindicalista anistiado em 2013. 

 
Mais cedo, o MPF ouviu o coronel Adhemar Rudge, acompanhado por seus advogados, que passou a ser Chefe de Segurança Industrial e Transporte da empresa em 1969 e ficou até 1991, quando se aposentou.
 
Em seu depoimento, Rudge negou todas as acusações, inclusive um documento assinado por ele – encontrado no acervo no Dops – no qual comunica à empresa as atividades sindicais em andamento na região monitorada por sua equipe. Entre os destinatários das informações estão a presidência da companhia, a diretoria de produção e a divisão jurídica.
 
Em entrevista ao Portal CTB, Batista acredita que o Estado brasileiro cumpriu seu papel ao pedir perdão e fazer medidas de reparação aos que lutaram pela democracia. “Agora cabe às forças armadas e às empresas que apoiaram e financiaram a ditadura fazer uma autocrítica e pedir perdão ao povo”, expressou.
 
Em 2012 foi instituída no Brasil uma Comissão Nacional da Verdade (CNV) para apurar as graves violações de Direitos Humanos ocorridas durante o regime militar no Brasil. As centrais sindicais, entre elas a CTB, formaram um grupo de trabalho que auxiliou a comissão na investigação destes crimes contra a classe trabalhadora.
 
Em 2014, com o fim da CNV, foi entregue um relatório à Presidência da República no qual foram feitas as recomendações e denúncias do que ocorreu no período.