Jeremy Corbyn: Britânicos votaram contra a política de austeridade
Em coletiva de imprensa depois do anúncio da vitória do voto pela saída do Reino Unido da União Europeia, o líder do Partido Trabalhista britânico atribuiu o resultado como manifestação do descontentamento popular pelas políticas de austeridade.
Publicado 28/06/2016 15:53
Corbyn, que continua sob pressão dos deputados do seu partido, que o acusam de não ter feito uma campanha aprofundada a favor da permanência na União Europeia, fez um pedido aos trabalhistas para que “se unam para lutar” contra um governo conservador dividido e para escutar uma população “castigada pelos cortes”.
Em referência à decisão tomada pelos britânicos na quinta-feira (23), ele disse que as áreas que votaram pela saída da União Europeia são as que mais sofreram “o golpe da austeridade”, ou seja, as antigas zonas industriais do Reino Unido, as mais “afetadas pelos empregos de baixa remuneração e a falta de investimento do governo central”.
“A decisão dos integrantes do Partido Conservador (Tories) de fazer com que as comunidades mais deprimidas paguem por uma crise que não foi provocada por elas trouxe uma política divisionista”, como acabou refletindo no referendo, explicou o líder trabalhista.
Corbyn, que reiterou que não vai renunciar diante da pressão de seus correligionários, se comprometeu a velar pela proteção “dos direitos dos trabalhadores, os direitos humanos e o meio ambiente” durante a negociação do governo para sair do bloco comunitário e assegurou além do mais que se oporá a qualquer orçamento governamental de emergência que inclua mais cortes.
“Temos de aprender a representar melhor as pessoas”, recomendou Corbyn diante dos membros de seu partido, após admitir que os trabalhistas não estão suficientemente conectados com as preocupações da classe trabalhadora, que procurou abrigo em formações direitistas como o eurófobo Partido pela Independência do Reino Unido (UKIP).
Por outro lado, Corbyn lamentou que as mensagens da direita favoráveis ao Brexit “culparam a imigração” pelos problemas sociais e pediu o início de um “debate aberto e honesto” sobre essa questão, que a seu ver jogou um papel decisivo nesta campanha.
Ainda que tenha dito que compreende que as mudanças rápidas podem “provocar tensão nas comunidades”, assegurou que a imigração é algo que “enriqueceu” o Reino Unido.