Marta Brandão: Justa homenagem aos servidores do nível médio da saúde

Por *Marta Brandão

Marta Brandão homenageia servidores do nível médio da saúde

Companheiras e companheiras,

É com imensa satisfação que presto uma justa homenagem a todos os servidores que, durante o mês de junho de 2016, consolidaram uma dura batalha em defesa de seus direitos. Batalha esta que teve início há mais de três anos e que se fortaleceu a partir de janeiro deste ano, quando o Governo do Ceará passou a adiar o anúncio de um direito consagrado dos servidores: o reajuste salarial previsto em lei estadual com data base em janeiro.

Em luta desde janeiro, servidores da saúde decidiram pela greve por tempo indeterminado. Decisão acertada e de muita coragem dos que estiveram presentes na assembleia, mas também dos que construíram as condições para que se tomasse essa decisão, afinal a greve foi a consagração de um calendário de paralisações que vinha sendo desenvolvido desde janeiro e que ganhou força durante o mês de maio. Portanto, a greve foi o resultado de uma série de iniciativas tomadas pela direção do sindicato tendo o total apoio e participação da categoria.

Em uma conjuntura de crise política e econômica que enfrenta o Brasil, nossa categoria assumiu papel de destaque na luta em nosso estado, junto com professores da rede estadual e da Universidade Estadual do Ceará (UECE), sendo as únicas a fazer greve contra os desmandos do governo.

Do ponto de vista das dificuldades enfrentadas pelos servidores para consolidação da luta, destacamos o modelo de gestão adotado pelos governos anteriores e reforçado pelo atual, que busca fortalecer cada vez mais o trabalho precário prestado através de uma falsa cooperativa que mantém uma relação de trabalho subordinada, promíscua e instável em que os cooperados são as maiores vítimas desse processo.

Maioria nas unidades de saúde, os cooperados passam a ser o primeiro grande obstáculo para a organização da nossa luta. Em segundo lugar, vem a perseguição das chefias, que passaram a greve toda implantando o terror com ameaças de retirada de direitos, como é o caso das escalas extras que os servidores conquistaram ao longo do tempo. E teve mais: chegaram a espalhar boatos de que greve é um instrumento que não tem amparo legal. Contudo, a categoria se manteve firme, determinada e principalmente unida.

Nossa vitória não foi completa, é fato, mas foi o que pudemos conquistar no momento, ao contrário do que alguns publicaram, afirmando que o Governo nos deu o que tinha nos tirado. Nesse ponto, vou discordar dos colegas. Companheiros, o Governo não nós deu nada, o que tivemos de volta foi conquistado pela categoria com trinta dias de greve, sendo três em acampamento na Secretaria da Saúde em que companheiros (as) permaneceram quase 72 horas, longe do seu conforto, da sua família, ou seja, deram o sangue para que a nossa luta fosse vitoriosa.

Nesse sentido, gostaria de agradecer a participação de cada servidor (a) que de alguma forma contribuiu para essa vitória, em especial as companheiras (os) do comando de greve e da comissão de negociação, que foram muito importantes para que chegássemos ao final dessa primeira batalha, mantendo a nossa unidade, porque nossa luta não parou. Ela foi apenas suspensa temporariamente. Os servidores da saúde têm muito ainda o que conquistar. A luta pela reposição salarial continua junto ao FUASPEC e o Sindsaúde estará presente junto à categoria.

Aos que não aderiram ao movimento por algum motivo, fica a citação de Raul Seixas: “a formiga é pequena, mas elas são um exército quando juntas”. Na luta, há espaço para todos que desejarem contribuir. A direção do Sindsaúde está aberta a todas as sugestões para que possamos avançar cada vez mais na luta. Afinal, o maior legado que fica dessa experiência é a união da categoria.

Finalizo com uma pequena frase do velho Engels, em seu livro A Situação Da Classe Proletária na Inglaterra: “As greves são como escolas de guerra social, instrumento indispensável e obrigatório na luta pela emancipação da classe trabalhadora”.

Viva a luta dos trabalhadores da Saúde!

“Quantas chances desperdicei
Quando o que mais queria
Era provar pra todo mundo
Que eu não precisava provar nada para ninguém”.

Renato Russo

*Marta Brandão é presidenta do Sindicato dos Empregados em Estabelecimentos de Serviços de Saúde no Ceará (Sindsaúde)

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