Chapecó terá primeira Parada LGBT da região

No próximo domingo (24), na Praça Coronel Bertaso, a comunidade LGBT (Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Transexuais e Transgêneros) do Oeste de Santa Catarina se reúne para celebrar seu orgulho, mostrar suas cores e afirmar seu direito à diversidade. Drag queens, trio elétrico, DJ’s, oficinas e exposições irão compor, pela primeira vez na nossa região, uma das mais conhecidas manifestações de luta contra a LGBTfobia, a Parada LGBT.

Parada LGBT Chapecó - Gazeta de Chapecó

Para o vice-presidente da UNA (União Nacional LGBT) de Chapecó, Marson Luiz Klein, é diferente o que uma parada LGBT representa nos Estados Unidos, na Europa, no Brasil e o que representa aqui em Chapecó.

São realidades diversas, mas o que seria comum nesses locais todos é o público LGBT: transexuais, travestis, gays, lésbicas indo para rua, ocupando espaços públicos. “Espaços públicos que são de todos, estamos sempre lutando por espaços e direitos que são garantidos a todos os cidadãos, mas que para os LGBTs são negados, dizendo paras pessoas que a nossa dignidade seja respeitada, que não seja arrancada do nosso peito todos os dias”, disse Marson.

Objetivo
Para os organizadores do evento, o objetivo principal da Parada é integrar a comunidade LGBT da região em torno da luta e defesa de direitos, respeito às diversidades sexuais e identidades de gênero, pautas essas de difícil inserção e debate frente ao momento político que o país atravessa. “Não temos um cunho festivo, mas político, de discutir questões sérias que afetam nossa vida”, expôs Marson.

“Seja pela violência física, assassinato, violência verbal. A nossa dignidade vai sendo arrancada junto com os direitos que são negados. Queremos dizer que nós existimos, que devolvam nossos direitos que foram negados, que somos humanos, somos pais, filhos, somos amigos. É um dia para dizer que não aguentamos mais sofrer todo esse preconceito e perseguição”, complementa Marson.

O evento terá início às 14h, com a concentração em frente à Praça. Após, o trio elétrico dará início à marcha, que fará o percurso pela Av. Getúlio Vargas, até o Brasão Avenida, retornando para a praça, onde a celebração continua, com música e manifestações artísticas.

Quase uma morte por dia
Segundo o observatório do Grupo Gay da Bahia, a cada 26h um uma pessoa LGBT é assassinada no Brasil. O vice-presidente da UNA (União Nacional LGBT) de Chapecó, Marson Luiz Klein, informa que a expetativa de vida de uma mulher trans no país é de cerca de 30 anos de idade. “É um dado assustador”, expôs.

“Na nossa região não tem travestis idosas, com mais de 60 anos. A vida dessas mulheres é ceifada muito cedo. Fica difícil até para os profissionais de saúde abordar essas pessoas para falar sobre, por exemplo, doenças sexualmente transmissíveis se ela sabe que é muito mais fácil essa pessoa morrer por uma facada”, exclama Marson.

De acordo com um estudo de uma ONG (Organização Não Governamental) norte-americana, o Brasil é o país mais perigoso para um LGBT sobreviver. Compara-se com países do Oriente Médio, onde é proibido ter opções de gênero diferenciadas. O índice de assassinato lá é menor porque é proibido e não se assume.

Aqui é mais perigoso porque pode assumir, mas não tem leis que punem quem pratica atos violentos relacionados ao preconceito. É uma contradição: permite-se que a pessoa assuma sua sexualidade e identidade de gênero, e por outro lado quem agride não é punido. É isso que faz com que Brasil seja o país mais perigoso para um LGBT”, explica Marson.

Sobre a UNA
A União Nacional LGBT (UNA), organizadora e idealizadora do evento, foi fundada nacionalmente em São Paulo, em 2015, por membros da sociedade civil, para defender direitos de lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transsexuais. Baseia-se na busca de uma sociedade com liberdade de orientação sexual e de gênero, onde os direitos afetivos sejam respeitados.

A UNA Chapecó foi criada a cerca de dois meses. Para mais informações, entre em contato com a UNA (49) 9800-6920.