Sindicato pede a libertação de jornalistas palestinos presos em Israel

O Sindicato de Jornalistas Palestinos lançou uma campanha pela liberdade de 21 jornalistas detidos em cárceres israelenses, nesta segunda-feira (18). No mesmo dia, Adib Al-Atrash, jornalista de Hebron detido há um mês, recebeu a sentença do tribunal militar israelense de Ofer, na Cisjordânia, para mais três meses de detenção. 

Por Moara Crivelente, no Cebrapaz

Palestina

Não foram feitas acusações formais. Al-Atrash esteve detido em um centro de interrogatórios, de acordo com The Palestinian Information Center.

Na Palestina ocupada e em Israel existem ordens militares e uma lei remanescente da colonização britânica garantindo "poderes de emergência" inclusive para a detenção de "suspeitos" administrativamente.

A "detenção administrativa" pode durar até seis meses, mas o período pode ser renovado, sem que haja acusação formal ou que o/a detido/a tenha contato com um advogado de defesa. De acordo com a Associação de Apoio aos Prisioneiros e Direitos Humanos Addameer, hoje há 715 palestinos e palestinas em "detenção adminstrativa". No total, há sete mil prisioneiros palestinos em cárceres israelenses, dos quais 414 são menores de idade — 106 deles são crianças menores de 16 anos.

O sindicato lançou uma campanha internacional pela liberdade dos 21 jornalistas. Sindicatos da França, do Reino Unido, da Itália, da Espanha e outros europeus e latino-americanos participam da campanha. A iniciativa envolve remeter cartas à União Europeia e à Federação Internacional de Jornalistas em apelo pela liberdade dos profissionais. As informações são do Palestinian Information Center.

Além disso, as denúncias de perseguição aos jornalistas incluem a censura e a repressão por parte dos soldados israelenses, especialmente durante confrontos ou protestos. As condições precárias de segurança dos jornalistas ficou mais evidente devido à notícia das mortes de 15 correspondentes palestinos e internacionais durante a ofensiva israelense contra a Faixa de Gaza, em julho e agosto de 2014, de acordo com o Comitê para a Proteção dos Jornalistas.

Khaled Hamad, de 25 anos de idade, por exemplo, foi morto quando um míssil atingiu a ambulância em que ele estava, enquanto filmava um documentário no bairro de Shujaiya, em Gaza, em 20 de julho de 2014. Aquele foi um dos dias mais fatais da ofensiva: um bombardeio israelense que atingiu um mercado de rua matou 72 pessoas, de acordo com a representação palestina na Organização das Nações Unidas (ONU).

Relatórios da ONU e organizações de defesa dos direitos humanos têm apontado para a intenção, por parte do Exército israelense, de atingir jornalistas, redações e estações de rádio e televisão. A proteção dos jornalistas, enquanto civis que não tomam parte nas hostilidades, é uma obrigação no Direito Internacional Humanitário que regula a condução dos conflitos armados.

Entretanto, grupos como o lobby israelense nos EUA, CAMERA (Committee for Accuracy in Middle East Reporting in America, ou Comitê por Exatidão na Cobertura do Oriente Médio na América), têm se dedicado a desconstruir as denúncias levantando acusações contra os jornalistas, para desqualificá-los enquanto sujeitos protegidos pelo Direito Internacional Humanitário. O CAMERA acusou alguns de serem combatentes, em reação às notícias sobre as mortes dos jornalistas na ofensiva de 2014.

A precariedade e a perseguição aos jornalistas na Palestina ocupada e em Israel é constante, porém — inclusive para israelenses. Em carta recente dirigida ao primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, a Federação Internacional de Jornalistas exige a libertação de Omar Nazzal, membro da Secretaria-Geral do Sindicato de Jornalistas Palestinos.

O número de jornalistas detidos tem aumentado exponencialmente. No início de maio de 2016, o diário israelense Haaretz noticiou que Israel detia 10 jornalistas palestinos — seis deles sem acusação formal.