Ipea aponta alimentos como vilões da inflação desde 2010

Os preços dos alimentos são o grande vilão da inflação nos últimos cinco anos, aponta estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). De 19 itens do grupo de alimentação que compõe o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), 17 tiveram variação acima da variação geral do índice, de 55,5% – percentual acumulado de janeiro de 2010 a maio de 2016.

verduras

As maiores altas ficaram com os subgrupos de cereais, leguminosas e oleaginosas (116%); tubérculos, raízes e legumes (112,5%); e hortaliças e verduras (116,2%). As menores altas, por sua vez, ficaram com óleos e gorduras (51,9%); e enlatados e conservas (44,7%). As carnes e pescados, que pesam mais no bolso do consumidor, tiveram altas de respectivamente 90,8% e 78,5%. Leite e derivados subiram 86,9%. Todos esses números compõem um quadro desfavorável ao consumidor e representam perda de poder aquisitivo.

Esse período foi escolhido para a pesquisa porque a partir de meados de 2010 a inflação se descolou da meta e rumou para altas acima do teto de tolerância estabelecido pelo Banco Central, de 6,5%. Em alguns momentos mais críticos de alta de preços, como no terceiro trimestre de 2013, os alimentos chegam a responder por 40% do índice cheio de inflação.

Para avaliar esse cenário, o grupo de pesquisadores de Conjuntura do Ipea (Gecon) criou um modelo estatístico cujos resultados indicam que, em um horizonte de três meses, aproximadamente 37% da variação do IPCA é explicada pelos choques dos alimentos no atacado, enquanto o câmbio responde por 7,6%.

De acordo com o estudo, a evolução recente dos preços dos alimentos no IPCA ainda é reflexo da intensa desvalorização cambial ocorrida no segundo semestre de 2015, no entanto, a melhora do comportamento dos preços do atacado prevista para os próximos meses poderá significar um arrefecimento do IPCA, contribuindo para um retorno mais rápido do índice cheio a níveis mais próximos ao teto da banda de tolerância da meta de inflação.

Leia o relatório do Ipea