“Resistir e derrotar esse golpe”, afirma Vanessa Grazziotin

Os senadores Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM) e Roberto Requião (PMDB-PR) participaram neste domingo (7) de debate no picadeiro do Circo da Democracia, em Curitiba. O evento começou no dia 5 (sexta) e vai até o dia 15 de agosto, transformando a Praça Santos Andrade num grande espaço democrático. Nesta segunda (8), contará com a presença da presidenta Dilma Rousseff.

Vanessa no Circo da Democracia - Reprodução
Os parlamentares denunciaram as manobras golpistas em curso no processo de impeachment contra a presidenta Dilma Rousseff e defenderam a retomada do mandato e a realização de um plebiscito como saída para a crise política.

“Nós precisamos resistir e derrotar esse golpe. O único sentimento que não podemos deixar tomar conta da gente é de que não tem mais jeito”, afirmou a senadora Vanessa. Segundo ela, a conjugação entre fragilidades econômicas e crise ética na política serviu de caldo para o golpe. “É algo que dói no coração, porque é o pior tipo de golpe que pode haver. Golpe não necessariamente se faz com tanques na rua, mas é golpe quando você não respeita o ordenamento jurídico do país”, disse.

Vanessa destacou as conquistas garantidas pelos governos de Lula e Dilma e apontou as diferenças com relação ao projeto do governo golpista. “Não só pelos 40 milhões retirados na linha da miséria, mas por ter mexido um pouco na política brasileira”, defende. A senadora aponta o marco do petróleo como uma das conquistas mais importantes e decisivas, que atualmente está sendo ameaçado pelo ministro interino das Relações Exteriores, José Serra. “Serra está fazendo mudanças estruturais sem ter sido eleito pelo povo”, frisou.

Roberto Requião, por sua vez, afirmou que o presidente interino Michel Temer (PMDB) é apenas um agente do setor financeiro. ”O capital usou o Temer, mas o capital não quer mais o Temer, quer a precarização absoluta da classe política brasileira”, destacou Requião.

Na avaliação dele, a adoção do neoliberalismo no início do segundo mandato de Dilma, aprofundado por Temer, leva à crise social. De acordo com Requião, “o neoliberalismo fracassou na Europa, em Portugal, Espanha e outros países. (…) O capital financeiro, o capital vadio, se reorganiza num tripé de posições tomadas. O primeiro é a precarização do [poder] Executivo, com o banco central independente”, criticou.

Os senadores defenderam a proposta de um plebiscito para definição popular. Para Requião, não há mais condições de governabilidade no caso de um possível retorno de Dilma, dado o caráter fisiológico e fragmentado dos partidos. Segundo ele, o plebiscito deve debater a permanência ou não de Dilma. Defende também que Dilma realize um “ministério de composição nacional”.

Segundo os cálculos apresentados por Vanessa, falta o apoio de quatro senadores para que seja possível segurar o impeachment. “São quatro figuras da República que podem decidir o destino no país.” Ela disse ainda que, caso seja consumado o golpe, haverá repressão a quem se opor às políticas de retrocesso do governo Temer: “Nenhum governo que entra pela porta dos fundos, ferindo a democracia, vai ser um governo democrático”, afirmando que haverá acirramento das práticas antidemocráticas e de repressão aos movimentos populares e de quem se colocar contra o governo golpista.