Temer reprime atos nas olimpíadas, mas diz que não é "autoritário"

Enquanto coloca agentes das Forças de Segurança Nacional para reprimir torcedores em eventos das olimpíadas que se manifestam silenciosamente contra o golpe, o presidente provisório Michel Temer (PMDB) afirmou em artigo publicado no Estadão desta terça-feira (9), que sua sua "formação impede gestos autoritários".

Michel-Temer-coletiva-imprensa - Lula Marques

"Este escrito se destina a evidenciar que minha conduta se respalda na Constituição federal. Digo mais: minha formação democrática me impede gestos autoritários. Não os praticarei. Esse é o caminho para a consolidação de um sistema participativo que nos levará ao ajuste fiscal necessário, ao crescimento, com o combate ao desemprego, ao desenvolvimento e à paz social, tão desejada pela imensa maioria do povo brasileiro", disse.

No artigo intitulado "A democracia", Temer tenta sustentar que o seu governo respeita a Constituição com base na tese de que havendo previsão esá legitimado. Diz ainda que "cabe aos críticos do governo, àqueles que aludem a 'recuos', escolher a via que desejam: o autoritarismo, quando não há diálogo, ou a democracia".

"A minha escolha já está feita. Dela não me desviarei", disse ele, destacando também que compartilhar o poder igualitariamente com o Legislativo e o Judiciário.

No dia em que o Senado decide sobre o julgamento do impeachment, Temer fez questão de rasgar sedo ao Congresso Nacional ao afirmar que a centralização do presidencialismo no Brasil é histórica, mas nem sempre o Executivo pode tomar decisões de maneira unilateral, sob pena de derrota.

"Vivemos numa democracia. Isso significa que o Legislativo, assim como o Judiciário também governam. O Legislativo não é mero chancelador dos atos do Executivo. Ao contrário. Propõe, sugere, acrescenta, modifica. Nos últimos tempos temos procurado chegar a um consenso sobre a proposta de texto legal com as duas Casas congressuais, a Câmara e o Senado. Estabelecemos diálogo na convicção de que assim se exerce o poder popular descrito na Constituição federal. O exercício do poder unitário, unipessoal só é encontrável nas ditaduras."