Às ruas dia 16 em defesa dos direitos da classe trabalhadora 

Na opinião da CTB, o golpe travestido de impeachment que resultou no afastamento de Dilma e na entronização do usurpador Michel Temer no Palácio do Planalto tem um caráter de classe que transparece claramente nas intenções e nos gestos do governo ilegítimo. É um golpe do capital contra o trabalho, cujo principal alvo é a classe trabalhadora brasileira, a democracia e a soberania nacional.

Por Adilson Araújo*

Adilson Araújo, CTB - CTB
Sofrem e sofrerão os trabalhadores e trabalhadoras com a redução das verbas públicas destinadas à saúde, educação e outros investimentos sociais, implícitos na nova política fiscal; com os projetos de reformas trabalhista e previdenciária que consagram o primado do negociado sobre o legislado, estabelecem a idade mínima e endurecem as regras para obtenção da aposentadoria, a pretexto de combater um falso déficit; com a terceirização ilimitada da economia.
 
Prejuízos
 
Já saíram no prejuízo com a extinção dos ministérios do Desenvolvimento Agrário, das Mulheres, da Igualdade Racial e dos Direitos Humanos, bem como com a transformação da Previdência em um puxadinho do Ministério da Fazenda, evidenciando que a questão agora será tratada pela ótica fiscalista, abrindo caminho para a progressiva privatização e destruição da Previdência Pública.
 
Por falar em privatizações, a classe trabalhadora será seriamente lesada com a ressurreição do Programa Nacional de Privatização do governo FHC, um defunto que em passado recente o próprio governador Geraldo Alckmin, por velhacaria, renegou, visto que os institutos de pesquisa captaram a forte repulsa popular ao afã entreguista do desacreditado ex-presidente tucano.
 
Entreguismo
 
Concomitantemente, estamos verificando a vergonhosa entrega do pré-sal ao capital estrangeiro. O povo brasileiro, que em sua ampla maioria integra a classe trabalhadora, é quem mais tem a perder com a transferência dos lucros do petróleo da saúde e educação, como previsto no Fundo Social, para os cofres abarrotados das multinacionais e o caixa 2 de políticos ligados ao capital estrangeiro José Serra, entre outros. A mudança da política externa sob o chanceler golpista parece que vem sendo ditada por Washington.       
 
É igualmente notória a tendência crescente à criminalização das lutas e movimentos sociais, o que remete os problemas sociais aos cuidados da polícia, retrocedendo a um passado que muitos julgavam definitivamente enterrado. Embriagados com o avanço do golpe no Congresso falam até em ampliar para 80 horas semanais a jornada de trabalho que queremos reduzir a 40 horas, acabar com o intervalo para almoço nas empresas, além de extinguir direitos como férias, 13º salário e outros, tratados agora como privilégios.
 
O governo ilegítimo presidido pelo golpista Temer quer retomar a obra neoliberal inconclusa de FHC que foi interrompida pela eleição de Lula e início consequente de um novo ciclo político no país. O que está em curso no Brasil, hoje, é um grave, profundo e inédito retrocesso político e social.
 
Fim da CLT
 
Os golpistas não querem apenas destruir as conquistas obtidas ao longo dos governos Lula e Dilma. Pretendem ir bem além. Prometem acabar com a “era Vargas”, o que significa extinguir a CLT e privatizar o que resta das estatais. FHC disse e tentou o mesmo caminho, mas morreu na praia. Sua reforma trabalhista, que instituía a prevalência do negociado sobre o legislado, chegou a ser aprovada na Câmara dos Deputados e estava em tramitação no Senado quando foi arquivada por Lula em 2003.     
 
Do outro lado, sabemos que os principais beneficiários do golpe são e serão os capitalistas, sobretudo os grandes empresários, os monopólios dos meios de comunicação, as transnacionais e o imperialismo. Esses estão a colher grandes lucros com a sinistra empreitada liderada por Temer e Cunha. Não foi à toa que a burguesia brasileira, sob a liderança da Fiesp (que também andou metida, de corpo e alma, no golpe militar de 1964), apoiou em bloco e financiou o movimento golpista.
 
Unidade e luta
 
Da nossa parte não pouparemos esforços para minar o caminho dos golpistas, impedir seus passos e sabotar seus objetivos antidemocráticos, antipopulares e antinacionais. Resistiremos com todas as forças que lograrmos reunir e estaremos empenhados diuturnamente no trabalho de esclarecimento e conscientização das bases sobre esta brutal ofensiva, em contraponto à descarada manipulação dos fatos pela mídia burguesa e golpista.
 
Creio que estamos caminhando nesta direção. O primeiro passo foi dado com a convocação por todas as centrais sindicais que atuam no país do Dia Nacional de Mobilização e Luta pelo Emprego e Garantia de Direitos, que ocorrerá na próxima terça-feira, 16, com manifestações em todas as capitais brasileiras. Em São Paulo, vamos ocupar a Avenida Paulista, com concentração na frente da Fiesp.
 
Estamos convencidos de que marchando com unidade, clareza e consciência, a classe trabalhadora, o movimento sindical e as forças progressistas reunirão as condições necessárias para barrar o retrocesso, derrotar o golpe e relançar a agenda por um novo projeto nacional de desenvolvimento fundado na valorização do trabalho, na democracia e na soberania nacional.
 
*Adilson Araújo, presidente da CTB (Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil)