Meirelles quer vender o Brasil: “Há determinação clara de privatizar”

O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, disse, nesta quarta (10), que todas as estatais que podem ser privatizadas devem ser vendidas. Segundo ele, há “determinação clara” de se desfazer do patrimônio público.

Temer e Meirelles

“É muito importante que não se fique com estatais apenas para tê-las dentro do Estado. Estamos discutindo a privatização do IRB (Instituto de Resseguros do Brasil). Devemos esperar alguns meses, mas existe uma determinação clara de privatizar”, afirmou o ministro, em almoço com parlamentares, segundo informações da Folha de S. Paulo.

No final de junho, a coluna Radar, da Veja, já anunciava que a ordem do presidente provisório Michel Temer era “privatizar geral”. Em, reunião com os principais ministros, ele teria dito: “Senhores, tudo que puder ser transferido à iniciativa privada, façam. Não temos preconceitos!”. E o próprio programa do interino, anunciado antes mesmo de ele assumir o posto, já previa “privatizar tudo o que for possível”.

Temer já havia solicitado que seus assessores fizessem um levantamento de quais as empresas que poderiam ser vendidas e sinalizou que isso começaria a acontecer após a consolidação do impeachment no Senado. Talvez seja esse o prazo que Meirelles diz esperar.

Segundo o jornal O Tempo, Temer já teria convocado para 25 de agosto a primeira reunião do conselho do Programa de Parcerias de Investimentos (PPI), na qual deve lançar o novo pacote de concessões de infraestrutura. Quatro aeroportos, duas ferrovias e um terminal portuário de passageiros fazem parte da lista que será apresentada. A venda da Caixa Seguridade e da IRB também é dada como certa.

No encontro com parlamentares, Meirelles afirmou ainda, de acordo com a Folha, que é necessário melhorar “o desempenho e a governança” das estatais. A Fazenda estima lucrar entre R$ 20 bilhões e R$ 30 bilhões com a venda das companhias, em 2017. Mesmo na melhor das hipóteses, o valor parece irrisório diante da previsão de déficit apresentada pelo governo, de R$139 bilhões para o ano que vem.

Economistas apontam que mais recursos poderiam ser arrecadados com medidas menos danosas ao patrimônio público. Especialista em orçamento público, Grazielle David cita como alternativa à PEC iniciativas que promovam justiça fiscal, como uma reforma para redistribuir melhor a carga tributária e incrementar a capacidade arrecadatória, a partir das receitas em potencial que o país já possui. Nesse sentido, a ideia seria, por exemplo, fortalecer o Estado para combater a sonegação fiscal, que chega a mais R$500 bilhões, e cobrar a dívida ativa, que supera um trilhão de reais.