Serra sabota Mercosul com mesmo método usado para dar golpe no Brasil

O ministro das Relações Exteriores do Brasil, José Serra, foi acusado pelo Uruguai de tentar “comprar o voto” do país a fim de impedir a Venezuela de assumir a presidência do Mercosul. Além de sabotar o bloco, o Brasil do golpe ainda tentou, posteriormente, constranger o país vizinho pela denúncia.

Por Mariana Serafini

Rodolfo Nin Novoa e José Serra - Ministério das Relações Exteriores do Uruguai

De acordo com informações publicadas no jornal uruguaio El País, Serra tentou agir no Uruguai da mesma forma como o golpe é articulado contra Dilma Rousseff no Brasil, por meio de negociatas envolvendo interesses próprios. Porém, com o país de Tabaré Vázquez a conversa é outra e a persuasão não funcionou. Para o senador Roberto Requião (PMDB-PR), representante brasileiro no Parlamento do Mercosul (Parlasul), este episódio é “uma vergonha absoluta para a história da chancelaria brasileira”.

Segundo as denúncias do chanceler uruguaio, Rodolfo Nin Novoa, Serra tentou persuadi-lo a votar contra a Venezuela em troca de levar o Uruguai a negociações com outros mercados externos. Em seguida, o Itamaraty emitiu uma nota onde afirma que o governo brasileiro “recebeu com profundo descontentamento e surpresa” a denúncia. E convocou o embaixador uruguaio em Brasília para uma conversa.

Além de tentar sabotar o bloco, a chancelaria brasileira partiu para a repressão sobre o Uruguai. Para Requião, o despreparo de Serra à frente do ministério “está transformando a história da diplomacia brasileira em chacota”. Em sua conta oficial no Twitter, o senador sugeriu o afastamento do ministro interino: “Em um governo sério o chanceler ‘comprador’ de voto uruguaio teria sido liminarmente afastado”.

Desgaste das relações bilaterais com o Uruguai

Com este comportamento qualificado por Requião como “violento e incoerente” de Serra, “a grande façanha da chancelaria brasileira neste momento foi conseguir se atritar com o Uruguai”.

Requião destaca o prestígio da República Oriental do Uruguai entre os países membros do Mercosul que justamente por isso foi escolhido como país sede do Parlasul. “Mas o nosso José Serra conseguiu um atrito tentando negociar um voto”, lamenta o senador.

Como representante da delegação brasileira no Parlasul, Requião pediu desculpas ao Uruguai pela truculência do Brasil e revelou que parlamentares de todos os países que compõem o parlamento do bloco “mostraram indignação com a articulação que pretende, ao arrepio da lei, excluir a Venezuela do Mercosul”.

Mercosul

A presidência pró-tempore de Mercosul é transferida a cada seis meses por ordem alfabética entre os países membros do bloco. Antes da Venezuela, o Uruguai era o responsável pelo comando e desde o princípio deixou clara sua intenção de transferir o bastão como pede o regulamento.

O Brasil, junto com o Paraguai, se apressou para dar o golpe e mudar a estrutura respeitada desde a fundação do Mercosul. Enquanto a Argentina tentou o tempo todo se unir ao boicote, mas sem parecer antidemocrática.

Assista ao vídeo do senador Requião: