PF dizia que triplex era do Lula, mas indicia verdadeira dona

Na linha de apontar o “criminoso” para depois provar que houve crime, criou-se o escândalo do “Triplex do Lula”. Agora, a Polícia Federal entregou na última sexta-feira (12), o relatório final sobre a fase operação Triplo X indiciando a publicitária Nelci Warken, que admitiu ser a verdadeira dona do tríplex, e funcionários da Mossack Fonseca no Brasil. E apesar do “alto grau” de indícios de que Lula era o dono, o ex-presidente não foi indiciado.

Lula - Instituto Lula

O juiz Sérgio Moro, responsável pela Operação Lava Jato na primeira instância, e investigadores incluíram o imóvel localizado em um condomínio no Guarujá, litoral de São Paulo, no rol de “alto grau de suspeita quanto à sua real titularidade” na investigação na Operação Triplo X – 22ª fase da Lava Jato – deflagrada em janeiro, e foi uma das causas das ações cinematográficas de busca e apreensão na residência de Lula e na sede do Instituto Lula, além da condução coercitiva do ex-presidente, em março deste ano.

A operação insuflou o factoide que foi exaustivamente repetido por manchetes de jornais, longas reportagens de TV e opiniões de colunistas, que entrevistaram até o vizinho do primo da sogra do porteiro do condomínio do triplex para provar que Lula era o dono. O jornal O Globo chegou a dizer em manchete que o prédio era do Lula.

As ilações também foram combustível para grampear e impedir a iminente nomeação de Lula como ministro da Casa Civil do governo da presidenta Dilma Rousseff.

Sem provas para indiciar, os investigadores dizem que vão continuar apurando a “real” propriedade do apartamento do Guarujá, em uma investigação à parte.

A defesa do ex-presidente denuncia que Sérgio Moro impede o acesso ao inquérito do triplex que não é do Lula. “Moro emitiu três despachos consecutivos para negar o direito da defesa: primeiro afirmou que a defesa já tinha recebido os autos, o que é falso; depois voltou atrás e afinal manteve a negativa, alegando que haveria diligências em andamento”, informam os advogados.

Segundo os advogados, sem provas para sustentar qualquer acusação contra Lula, Moro conduz o processo num jogo de esconde-esconde, “indigno do Judiciário e desrespeitoso com a defesa, além de violar as garantias de um cidadão brasileiro”.

Sítio

As investigações sobre o sítio em Atibaia (SP), que também atribuem a propriedade a Lula, seguem a mesma toada. Em depoimento à Polícia Federal, o empresário Fernando Bittar reafirmou ser dono do sítio e diz ter adquirido a propriedade com recursos doados por seu pai.

Ele afirma também que fez reformas para conviver com a família do ex-presidente e receber parte do acervo presidencial. Bittar é sócio de Fábio Luís Lula da Silva, filho do ex-presidente, na empresa BR4, que controla a Gamecorp.

“Bittar contou para a PF que a ideia de compra do sítio de Atibaia ‘surgiu numa reunião familiar’ entre ele, seus irmãos e o pai, Jacó Bittar – ex-prefeito petista de Campinas, amigo de Lula desde a década de 1970. ‘Para que pudessem se reunir e receber os amigos’”, segundo relata o colunista Fausto Macedo, do jornal O Estado de S. Paulo.

O ex-presidente Lula, por sua vez, nunca escondeu que frequenta o sítio, que é de propriedade de amigos.