Dilma reitera que boicote no Congresso agravou a crise
O ministro Ricardo Lewandowski reiniciou a sessão do impeachment pontualmente às19h, com a interpelação do senador Tarso Jereissati (PSDB-CE), que repetiu questionamentos de outros tucanos, mencionando a crise econômica. Em resposta, a presidenta eleita Dilma Rousseff lembrou que foi vítima de um “boicote político” no Congresso Nacional.
Publicado 29/08/2016 19:59

Dilma destacou que, a partir de 2008, o mundo – em especial os países desenvolvidos – entraram em crise. No Brasil, o governo adotou políticas anticíclicas que ajudaram no enfrentamento dos problemas. A presidenta lembrou então que partir de 2014, a turbulência atingiu em cheio os países emergentes.
Segundo ela, a crise mundial, cujos impactos seriam inevitáveis por aqui, só se aprofundou por que o Congresso não só não aprovou integralmente medidas apresentadas pelo governo, como agravou a situação fiscal ao aprovar pautas-bomba.
“O que explica a profundidade [da crise] é a conjunção de crise econômica com crise política (…) Se certas medidas tivessem sido tomadas no início de 2015, teríamos uma crise econômica menor e dela teríamos saído mais rápido”, afirmou.
Ela comparou a situação que o Brasil vive hoje com a crise enfrentada após a reeleição de Fernando Henrique Cardoso.
“Quando, na virada de 1998 para 1999, o câmbio fixo foi substituído pelo câmbio móvel e provocou uma perda de 10% do PIB, o governo de Fernando Henrique tinha uma maioria parlamentar que, em seis meses, aprovou um ajuste”, disse Dilma. “Comigo, o processo foi de interrupção sistemática do meu governo.”
“Fiz o possível e o impossível para impedir uma crise tão profunda. Enfrentei uma sistemática disposição de construir um ambiente propício ao impeachment, com chantagens explícitas por parte de Eduardo Cunha”, afirmou a presidenta afastada.
“Nenhuma das nossas propostas foi aprovada integralmente pelo Congresso, foi tudo minimizado. Tivemos pautas-bomba, que, ao invés de nos ajudar a superar a dificuldade fiscal, dificultavam. E uma instabilidade política de dimensões gigantescas”, completou.
“Não são o plano Safra e três decretos os responsáveis pela crise”, disse, em referência às acusações que embasam o processo de afastamento.
No início de sua fala, Tasso chegou a elogiar a trajetória e o histórico de vida de Dilma. “O país todo reconhece e respeita o histórico de vida de Dilma, mas quem está aqui não é a mulher que enfrentou a ditadura com bravura. Quem está aqui sob julgamento é a presidenta da República”, disse.
Ao responder, Dilma fez questão de frisar: “Sou a mesma mulher que resistiu à ditadura, porque só cheguei aqui porque essa foi minha trajetória política. Não sou duas mulheres, sou uma mulher só”.