“Não esperem de nós o silêncio dos covardes”, dizem parlamentares
Imediatamente após o Senado consumar o golpe que afastou definitivamente Dilma Rousseff da Presidência da República, os parlamentares aliados da presidenta eleita manifestaram seu luto pela democracia e anunciaram que o governo de Michel Temer será sempre ilegítimo porque não foi escolhido pelo voto popular. E usaram a frase da própria presidenta Dilma em sua defesa no Senado: “Não esperem de nós o silêncio dos covardes”.
Publicado 31/08/2016 17:19

Foi a postagem feita pela deputada Maria do Rosário (PT-RS) nas redes sociais. “Através de um golpe retiram a presidenta Dilma Rousseff do mandato para o qual foi legitimamente eleita por 54 milhões de votos.” Rosário afirmou ainda que “Nem por um minuto Temer será legítimo, será sempre um golpista! Diretas Já é única bandeira possível. Só o povo legitima governo. A nossa luta por um País justo, com direitos e democrático segue nas ruas, na Câmara, nas redes”.
A deputada Alice Portugal (PCdoB-BA), em campanha pela Prefeitura de Salvador gravou vídeo para afirmar que “o afastamento da presidenta Dilma Rousseff é um golpe contra a democracia” e chamou os eleitores a dizer “não a quem apoia o golpe!”
O ex-presidente nacional do PCdoB, Renato Rabelo, falando em nome do Partido, disse que o mundo todo está vendo isso – a usurpação do poder, quando se tira a Presidenta da República “de forma ostensiva, de forma fraudada.”
A exemplo dos parlamentares, ele avalia que daqui prá frente a resistência crescerá. Isto porque, “esse é o primeiro golpe no Brasil em que a presidenta vai até o fim, ganha prestígio com a resistência e mostrou que são dois projetos em destaque”. E criticou os que perpetraram o golpe contra Dilma Rousseff: “Os protagonistas disso são as pessoas que tem o pior conceito na vida política”, enfatizando que “essa resistência vai aumentar porque ninguém quer esse Temer.”
Contra os trabalhadores
O líder do PCdoB na Câmara, Daniel Almeida (BA), também lamentou a efetivação do golpe, dizendo que o que se quer é implementar um projeto de governo que não foi escolhido pelo povo brasileiro. “É um golpe contra os trabalhadores, os aposentados, da PEC 241 que pretende congelar gastos públicos por 20 anos, os programas sociais que estão em curso no país. Não foi essa a vontade do eleitor nas eleições de 2014”, afirmou.
Para a Professora Marcivânia (PCdoB-AP), “a luta agora é contra a pauta extremamente conservadora e retrógrada. Vamos lutar muito para evitar que a PEC 241, que congela os investimentos sociais pelos próximos 20 anos, seja aprovada”, enfatizando que “o desafio é lutar contra essa pauta de diminuição de direitos.”
Uma das mais aguerridas defensoras da presidenta eleita Dilma Rousseff, a senadora Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM) lamentou o resultado e disse que agora a prioridade dos aliados de Dilma é enfrentar a “pauta negativa” do governo Michel Temer. Na opinião dela, as propostas apresentadas até agora pelo novo presidente e sua equipe são “um trem passando por cima dos direitos dos trabalhadores”.
Com Dilma Rousseff
O ex-ministro do Desenvolvimento Agrário, deputado Patrus Ananias (PT-MG) , compartilhou em sua página pessoal no Facebook algumas fotos do encontro em que aparece com Dilma e demais parlamentares, no momento da entrega de uma bandeira do Brasil à ex-presidente, com as assinaturas de seus apoiadores.
O deputado fez, ainda, uma provocação ao agora presidente Michel Temer e aos que apoiam o novo governo. "Aqueles que nunca ganhariam no voto, tomam poder com um golpe parlamentar. A democracia prevalece agora na resistência e na luta", diz a publicação de Patrus.
Carimbo de “golpistas”
Na avaliação do deputado Chico D’Angelo (PT-RS), o fato dos senadores que apoiam a presidenta Dilma terem conseguido desmembrar a votação para assegurar a ela os seus direitos políticos foi uma vitória e carimba ainda mais a “testa” dos golpistas.
Na sua página no twitter, ele escreveu “Não cassaram os direitos políticos de Dilma, prova de que não houve crime.” A deputada Maria do Rosário fez avaliação semelhante: “Dilma não perdeu direitos políticos. Não tiveram coragem para tanto. Alguns tiveram decência de não condenarem pessoalmente a inocente.”