Mujica: Dilma foi destituída por não compactuar com a corrupção

O ex-presidente e atual senador do Uruguai, José Mujica, afirmou nesta quarta-feira (30), que Dilma Rousseff foi destituída porque não cedeu às pressões para proteger os políticos brasileiros acusados de corrupção. A afirmação foi feita em um evento realizado em Montevideo, no fim da tarde, que, entre outras pautas, repudiou o golpe no Brasil.

Mujica e Dilma - Reprodução

“Estão condenando esta mulher por não ter entrado na corrupção”, disse Mujica durante o lançamento da jornada de intercâmbio entre sindicatos da América do Sul.

Mujica fez questão de ressaltar que o processo de impeachment no Brasil começou logo depois que Dilma se negou a conceder proteção parlamentar a Eduardo Cunha. “Existe um senhor, Eduardo Cunha, que era presidente do parlamento e parece que alguém que passou pela Suíça lhe deixou milhares de dólares em seu nome, mas ele não sabe quem foi”, ironizou.

O ex-presidente afirmou ainda que tanto o PT, como a presidenta, não interviram nas investigações do Ministério Público e isso causou revolta nos setores mais reacionários do país.

“O que houve no Brasil foi um golpe de Estado. Coloquem o nome que quiserem, mas foi isso que aconteceu”, afirmou. Alertou, porém, que o “golpe já era anunciado”.

Denunciou também que quando o atual ministro das Relações Exteriores do Brasil, José Serra, então na condição de interino, visitou o Uruguai “disse categoricamente que isto [o impeachment] estava decidido”. “Toda esta discussão no Senado foi uma gigantesca farsa”.

Para Mujica, que lutou contra a ditadura militar de seu país e durante sua administração como presidente promoveu a inclusão social, a saída de Dilma “já estava decidida”.